Mariano Soltys
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MEMORIA DO FUTURO – NOVELA - PARTE 36
MEMORIA DO FUTURO – NOVELA - PARTE 36


MS estava para nascer, retirar sua armadura de metal. Assim ele deveria em seu mundo interno escolher entre nascer ou não, bem como lhe vieram todas as lembranças de sua vida real passada, ou efeito colateral da replicância. Implicante, MS chorava internamente e não desejava nascer. Ser ou não ser? Eis a obrigação. Sensação é toda a coisa que se deseja sentir. Nem sempre a realidade está perto do que se sonhou. Mundo de carne devorado por dificuldades. E idades, mesmo agora não mais sendo necessário envelhecer. Robôs tentavam estimular MS a viver, a caminhar a fim de que sua armadura se desprendesse. Sorte suas filhinhas estarem por perto, o motivo de sua vida, a alegria de seu destino. Foi por isso que MS ainda pensava na possibilidade de nascer. O motivo é que em vida passada, o tal cavaleiro da armadura negra foi ignorado pelas mulheres, e não seria por nenhuma que ele nasceria, comparando as tais experiências. Uma grande festa o aguardava. E Tina sabia disso tudo, por isso que observou o nascimento de MS após 9 meses de sua replicação. Muita dor e estava um corpo em sentido fetal deitado no chão. Anão era na imagem observada pelos lindos olhos de Tina. Em um zoom e na câmera certa ela pode ver o rosto do homem que conheceu em amor à primeira vista. Ele ficaria uns dias até se adaptar com a luz, com seus olhos, com seu corpo. Sem fome, sem sede, sem desejos. MS assim nasceu nessa armadura do mundo, do mundo que o regurgitou no ventre da rejeição. Sorte suas duas pequenas filhas o acariciarem, como meninas acariciando um filhote de leão. Tina ficou com medo de vê-lo de início, assim deixando suas filhas acompanharem aquele homem que antes era um metálico ser. Querer até ela queria, mas sabia da sorte ruim dele com a vida e relacionamento. Uma nova vida e ela curaria isso, era a sua missão. MS nasceu mais jovem do que o esperado, parecia ter 25 anos, pleno de sua vida física e mental. Já Tina conservava sua aparência dos 18 anos. Nunca viveu isso MS em vida, onde o trabalho ocupava a oportunidade e onde seus livros acabavam em raras prateleiras. Que nem freira vivia Tina nesse período. E quem faria mais isso, nunca fizeram nada por ele. Quem é esse homem ignorado ao seu tempo? Por quê não atraía? Será que era considerado feio? A Tina se perguntava e o amava, e o amava. Lavava as mãos, o rosto, para não contaminar esse ser frágil que nascia, esse coração de isopor que adornava um peito de papel crepom. MS não a conhecia, em olhares calados e distâncias ela o percebia como o mesmo, e a desconhecia, ele na armadura não via a não ser vapores e alegrias que imaginava existirem. Logo vinha a sua memória uma daquelas mulheres que o descartou, ou aquela juventude que perdeu. MS estava tão anestesiado por essas dores em sua alma que Tina falava com ele, ele ficava calado, não mais tinha o equipamento da armadura. Vieram as menininhas e o cão holográfico, e MS reagiu, andou com elas, foram, para um parque próximo, de paredes verdes formadas em alta resolução. Amigos de Tina bebiam refrigerantes sabor cerveja e mascavam goma sabor churrasco, e todos estavam bem. Ela cheia de esperança, falava que ele a tinha olhado profundamente. E tinha mente. pensava, trocava atos com as filhas. Brincavam no parque virtual. Tina preparava a mudança. A casa de acrílico enjoou, e ela queria voltar a natureza com seu homem real. Nunca ninguém fez tanto por ele, como mulher, e ela assim arrumava as coisas para que tudo seguisse um novo rumo. As grandes mãos de MS ajudavam a carregar coisas, ele não falava, mas gestos de seu rosto indicavam um bem estar. Para ela isso já era um bom começo. Juntava equipamentos de 4D, outros de imagem de água, nanocomputadores e nano-robôs medicinais. MS experimentava uns nano-robôs anestésicos, que corriam pela sua corrente sanguínea. Faziam F1 em seu corpo, e ele sorria. MS gostava de robôs, já que as pessoas não lhe viam com bons olhos. Nasceu um grande homem, povoou a terra um grande coração. MS já fazia atos de boa ação. Tina marcou uma viagem espacial para ele ir sozinho, e planejava uma lua de mel em nave. Sabia que MS em vida fantasiava isso com uma mulher, e em meio as suas mil fantasias. Só fantasias, ele antecipava o futuro. Tina o admirava muito, seu caráter, sua honestidade. Raros homens são assim, e quase sempre foram na história pregados numa cruz. MS não seria diferente. Ela o tinha em mente, Tina o tinha sempre na lente. E observava feito “grande irmão” cada ato do homem que acabava de nascer sob seu desejo.  
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 04/10/2012
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