Mariano Soltys
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Comédia “Um Tira da Pesada” e diferença social
Comédia  “Um Tira da Pesada” e diferença social



“Um Tira da Pesada” é aqueles filmes inesquecíveis, que fazem rir de forma inconsciente. Eddie Murphy veio na última hora para ser protagonista dessa produção que originalmente teria sido feita para Silvestre Stallone, que até fez modificações e acréscimos no roteiro. Sempre achei tudo que esse ator nego, o primeiro negro centro de atenções, fez. O Stallone ia colocar o nome de Cobra no filme e modificar, e com Eddie ficou mais engraçado. O filme “Cobra” acabou sendo outra produção, mais de ação que humor. O filme lotou a bilheteria na época que foi lançado e fez muita gente rir. Não é exagerado, diferente das comédias atuais, que fora “Se beber não se case”, e “Se enlouquecer, não se apaixone”, pouco resta de bom nesse estilo. Um filme que vi várias vezes à tarde, quando criança.
A intenção do diretor, Martin Brest, era colocar um humor assemelhando a “O gordo e o magro”, o que acabou resultando bem nos parceiros do protagonista, dois policiais de Beverly Hills, local onde moram artistas famosos e ricaços. O policial a que representou Eddie Murphy era um mal vestido, vindo de Detroid, mas com muitos recursos e esperteza, um ex ladrão, que até no fim do filme pensou em levar pra casa coisas do hotel onde se hospedou. A cena inicial se vê com um caminhão bitrem sendo perseguido e batendo em vários carros, com Eddie pendurado atrás, (ou melhor, o dublê) uma das grandes cenas do cinema, acompanhada de música dos anos 80. Tal caminhão tinha um bom dublê piloto e foi colocado para-choque de ferro de construção para resistir as batidas.  
Com um amigo assassinado por figurões de Bervely Hills, o policial Axel Folley decidiu tirar umas férias e procurar o assassino, bem como seu mandante. Indo a cidade grande, ele se divertiu muito com o mundo colorido que lá encontrou (com muitos gays...), e reencontrou sua bela amiga (única bela que vi com cabelos estilo anos 80...), que lhe ajudou a encontrar o patrão, suposto suspeito, e milionário dono de loja de arte.  Axel ficou hospedado espertamente de graça em hotel de luxo, dizendo que era da revista Rolling Stones, e que denunciaria a Michael Jackson o lugar se eles não o hospedassem por ser negro. O centro do filme foi o contraste entre ricos e pobres, entre a polícia de cidade rica, que parecia mais segurança para ricos, e a de cidade barra pesada, onde há real serviço policial. O fato do policial ser um negro mudou tudo, e se fosse Stallone perderia todo o sentido e humor.
Há cenas ilárias, como de Axel colocando bananas em escapamento do carro de policiais que  o perseguiam, bem como quando os convidou para beber em lugar “tradicional”, os levando em boate de stripers. Só o carro batido e velho do personagem já garante algum humor, e mesmo suas imitações e diálogos com o gay da loja de arte, faz já rir. Se perde pela dublagem, apesar que vi o filme legendado. Mas vemos ainda hoje em dia um deputado racista provocando a diferença racial ou sexua, então quem diria um filme desses nos anos 80, passando em rede nacional ainda na TV, no período da tarde. O ator faz a comédia. Não adianta inventar e a maioria das comédias são sem graça. Mas onde há Eddie Murphy sabemos que a coisa funciona, apesar de colegas atores falarem que era difícil ele rir. O filme “Um tira da pesada” é um dos que tenho em minha estante.

Mariano Soltys, autor do livro Filmes e filosofia, e mantenedor de blog www.filmesefilosofia.blogspot.com.br )
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 24/03/2013
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