Mariano Soltys
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A cultura da imagem e o dia da literatura infantil

 

 

Hoje antes de nascer-se, se existe em um monitor, numa tela. Antes de uma criança falar, ela sabe ver TV, celular ou mexer no computador, ela nasce assim na cultura da imagem, no maior paradigma do nosso tempo. Reflete assim a sociedade, os signos e linguagens macro e microcósmicos de toda a ciência, do pacto social. Por outro lado, vem essa semana o dia da literatura infantil (dia 2 de abril), que desde os livros musicais, contos de fada, bem como os trabalhos de um Monteiro Lobato ou Maurício de Souza, com sua turma da Mônica, bem como concorrem com aqueles filmes engraçados de animações de computador. Todos lembram dos temas de Monteiro Lobato, mais pela TV que pelos livros, o que é triste e revela nossa fraca cultura para a leitura.

Vemos que nos contos de fadas existe toda uma lição sobre virtudes, política e mesmo sobre a psicologia humana. De longe tem temas adultos, revestidos por personagens e símbolos. O “João do pé de feijão” mostra bem a relação do homem com o céu e com seu mundo de ideias. “Chapeuzinho vermelho” mostra a puberdade da menina, e a sabedoria de se compreender as forças instintivas (lobo). “A bela adormecida” acorda de seu sono e mais ainda, dos sonhos para a realidade. Cinderela é um conto social, e revela a luta de classes, e mostra a beleza interior, que pode estar em uma moça pobre ou de condição trabalhadora. Esses contos mostram muito algo que na Idade Média era para passar o tempo em longas viagens, e numa relação mais humana e real que a atual, cheia de redes sociais, computadores e onde o mundo apaga os afetos mais nobres.

A cultura da imagem reencarna esses ídolos do passado, sob a forma de signos, marcas, propagandas, estética padronizada, culto a aparência. O “desenvolvimento” de tal paradigma será a realidade virtual completa, onde o real entrará direto no cérebro, sem intermediação dos sentidos, ou de parte deles, bem como do corpo. Mas a cultura da imagem está desumanizando o ser, o tornando imagem que se pode deletar, canal de TV que se pode mudar, morte sem importância. De certa forma, tudo isso não passa de imitação do Criador, que com imagem criou todas as coisas, com sua mente infinita. Como o exemplo de Adão, ao mesmo tempo que imaginava (dava nome), criava. Mas a cultura da imagem transformou em príncipes e princesas com mero rosto bonito, mas sem conteúdo. Isso tudo é perigoso nos primeiros 7 anos da criança, onde é desenvolvida sua mentalidade e valores sobre a vida e todas as coisas. Depois se torna um processo quase irreversível.

Outra coisa que presenciamos é a falta de atividade das crianças, atividade física. A minha geração andava de bike, jogava bola e corria sem parar. Não havia obesidade infantil, era coisa rara a vida sedentária. Hoje vemos essa cultura da imagem. Falei com amiga que teve visita de sobrinhos de São Paulo, e os mesmos não se adaptaram a localidade do campo, onde ela tem residência, mas procuraram logo que chegaram algum celular ou computador. Viciadas em tecnologia, e apáticas. Pela falta de leitura e de relacionamento criamos uma geração que apenas consome, e que assiste a vida passar, fantasiando em redes sociais. Isso que temos hoje em dia a facilidade de encontrar coisas na Internet e com a possibilidade de poder imprimir, e de haver facilitadores ao acesso desses livros infantis. Mas resta que o dia da literatura nos faça refletir no futuro das crianças. E que pelo menos um dos meus 27 livros seja um dia lido por essa nova geração, que acredito ser possuidora de um futuro mais esclarecido.

 

Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 09/04/2014
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