Mariano Soltys
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Zenão nasceu na Ilha de Chipre, em Cítio, em 333 antes de Cristo, sendo de raça semítica, de modo que foi a Atenas estudar filosofia por volta de 312 a.C. Desse modo, foi primeiro estudar com Crates, este de escola cínica, e também com outro de escola megárica, Estílpone. Ele foi muito ligado a Heráclito, restando algumas doutrinas que são semelhantes ou lembram seu fogo metafísico. Sua doutrina se voltava mais a prática, a um modo de vida, para se vivenciar a filosofia. Não gostava muito da ideia do atomismo, apesar de materialista, mas nem assim admitia os átomos e coisas de epicuristas. Como não era cidadão, não conseguiu adquirir uma propriedade a fim de instalar sua escola, de maneira que o teve de fazer em um pórtico. Em grego pórtico se diz stoa, ficando assim a origem de sua escola, os estoicos. Sua escola chegou ao auge de possuir 700 livros, ficando estes tristemente perdidos. Defende a espontaneidade do assentimento, com uma representação cataléptica. Assim o objeto provoca uma mudança naquele que o percebe, através de seus sentidos físicos. Tudo seria material. A verdade é um corpo. Também as virtudes, vícios etc, seriam corpos. O ser e o corpo são idênticos. Já na lógica ele defende um silogismo disjuntivo, diferente de Aristóteles. Sua doutrina é panteísta e monista. Assim Deus estaria em todas as coisas, e tudo seria material. A própria vida viria da matéria, numa espécie de hilozoísmo. Boas são as lições de Giovanni Reale, sobre essa escola. O ponto central do estoicismo talvez seja a imperturbabilidade da alma, essa ataraxia. A aceitação do destino e de um teleologismo é em grande parte o ponto central da doutrina. Mas as ideias sobre Deus ganham destaque, talvez não muito discutidas, e tratando desse ser material, que está em toda a matéria e em espécie de semente. Essa razão seminal, ou esse Logos que é igual ao próprio destino, leva a perfeição das coisas, independentemente do que aconteça. Apesar da doutrina estoica superar antigos temores da humanidade, como em relação aos deuses ou a morte, fica claro que isso se dá pela aceitação desse destino, seja qual for. Deus assim está em tudo é é tudo. Isso nos leva a um panteísmo. Então Ele é essa espécie de Demiurgo que penetra toda a matéria. E há uma doutrina deles que entende existir apenas matéria e forma. Isso nos leva a pensar em uma dualidade, semelhante a chinesa, com seu taoismo, de se vê o yin e yang. Também o Deus material hindu seria em muito Brahma, um Senhor nesse sentido. Outra doutrina interessante é a palingenesia, onde todas as coisas seriam destruídas e retornariam a existir, mesmo que materiais. Isso lembra a doutrina do Eterno Retorno, novamente. Mais uma vez entremos em doutrinas hindus de pralaya e ciclos manvatáricos, onde o universo é destruído em final de ciclo e um dia começa novamente. Se pensarmos em certas doutrinas cosmológicas, vemos que o universo pode se expandir e ao mesmo tempo também logo se retrair, e que uma supernova nasce e morre, levando consigo a vida que gerou, de sua própria estrela. Se pensarmos em um big bang, bem como por fim em um big crunch, fato é que isso comprovaria a doutrina de Zenão e dos estoicos, se essa estrela voltasse a nascer um dia novamente. E toda uma doutrina ética de acordo com mandamentos inexoráveis com a razão, nos faz pensar mesmo em uma tradição semítica. Essa busca de utilidade apenas com esse bem da razão, é em muito semelhante a certas legislações religiosas, se substituirmos a mesma pela vontade divina. E a noção de dever depois terá mais destaque em pensamento de outros alinhavados com o estoicismo, como em Cícero e Marco Aurélio. Fato é que transparece a doutrina oriental e que existe alguma base em mistérios, apesar de aqui se focar mais em materialismo, apesar de distinto do atomismo, bem como de doutrina aristotélica. E a busca maior é a da sabedoria, de uma sabedoria em sua busca, numa prática de vida, em um modus vivendi. Zenão fundou esse estoicismo que merece grande destaque e que talvez apenas mais recentemente gerou mais atenção.
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 10/05/2015
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