Mariano Soltys
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FELIPE MELANCHTON (1497-1560)


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Phillipp Schwarzerdt nasceu em 1497, filho de George Schwarzerdt, que trabalhava com funilaria, e de mãe que provinha de rica família de comerciantes, Bárbara, a qual contava com 20 anos, e que possuía entre seus integrantes prefeito, armeiro de príncipe e outras figuras de elite. Teve infância confortável, com as regalias de pessoas ricas, mas com pai um tanto ausente para manter esse nível social. Ademais, seu pai falece quando ele possuía apenas 11 anos. Phillipp era o mais velho dentre cinco irmãos. Estuda primeiro o latim em escola local, mesmo com professor particular, se destacando muito e impressionando intelectuais. Ele era um superdotado. Assim foi convidado e auxiliado pelo tio Johannes Reuchlin, que já era um dos expoentes do intelecto de seu tempo, junto a Erasmo, para frequentar a Universidade de Heidelberg, quando possuía apenas 12 anos. Aos 16 já tem o mestrado, mas não o deixam lecionar por ser muito jovem. Reuchlin foi uma influência importante da espiritualidade, por ser judeu e entendido em cabala, mística que levava a outro nível o estudo das Escrituras. Essa marca ficou em Melanchton, nome que recebeu de tio, que significa terra preta, e que fica para a posteridade, como reformador amigo e discípulo de Lutero. Assim ele fez curso de artes nessa universidade, ainda estudando astronomia, matemática, sendo teólogo, exegeta, historiador, e principalmente pedagogo, vindo a instalar uma escola experimental em sua casa. Considerado o pai da pedagogia alemã. Não apenas de pedagogia, mas cria a palavra psicologia como uma ciência da alma, termo que usamos até hoje. Depois passa a Universidade de Tübingen aos 17 anos, cursando a filosofia. Já nesse tempo é professor, recomendado pelo tio judeu ao príncipe e depois a ser discípulo de Lutero. Melanchton pode ser considerado judeu também. Estranhamente por isso alguns dos protestantes mais ortodoxos não olhassem com bons olhos ele, e mesmo pela sua postura humanista e conciliadora, unindo a necessidade do conhecimento e de uma escola melhor de formação na Alemanha, pois via uma escola deficiente. Já outros reformadores entendiam que apenas estudar a Bíblia bastava. Ponto importante é que Melanchton além de ter uma vasta formação intelectual e racionalista, não deixa de lado a fé e as Escrituras. Em 1520 casa com Khatarina Frapp, tendo por sogro o prefeito de Wittenberg. Possivelmente apoiado pela mesma, uma vez faz uma escola experimental por dez anos em sua casa, e ao mesmo tempo se torna um pregador. Melanchton tem forte linha racionalista, sendo influenciado por escolástica, Alberto, Tomás, Scotus etc. Defendia uma leitura mais selecionada, e não se ler qualquer coisa, pois entendia que assim não se aprendia nada. Especialista em grego, traduziu obras para o latim, de Demóstenes, Aristóteles e Ptolomeu. Lecionava sobre diversos autores, mas se concentrava em Cícero e no tema da ética. Escreveu poemas por toda a sua vida. Mas por outro lado, era contrário a uma linguagem rebuscada e a criação de novas expressões, pois entendia que uma fala monstruosa surgia de uma cabeça monstruosa. Escreveu também sobre física, mais em específico sobre Copérnico. Importante na Reforma, dele proveio a Confissão de Augsburgo. Também escreveu comentários às Escrituras. Como já disse, pela lei hebraica Melanchton era judeu, uma vez o tio Reuchlin. Mais que tudo, importante no tema da educação, defendia a expansão do ensino e ampliação de grades curriculares, em especial em cursos superiores de Medicina, Direito e Teologia. Defendia a educação em três níveis: primária, secundária e terciária. Foi retratado por vários artistas de seu tempo. Diferente de Lutero, Melanchton foi mais tolerante, menos severo e belicoso, evitando o despotismo do mestre. Era mais um humanista, lutando principalmente pelo progresso da educação. Fato que poucos lembram é essa influência de místico tio, que era cabalista e possuía conhecimentos esotéricos. Melanchton também de certa forma influencia Jacob Boehme, que continha doutrinas bem diferentes, mas que era tolerado, mesmo em meio a sua teosofia cristã e mística, base depois de martinismo, mas não se explica o porquê não foi perseguido e eliminado. Também apesar da oposição de Lutero aos judeus, fato é que Melanchton equilibrava talvez um pouco isso, bem como ao defender a formação intelectual, além da pregação da Escritura. Mas até onde o ocultismo chegou a Melanchton talvez só em uma análise profunda de sua obra. Já falamos que a rosa teve um papel simbólico em Lutero. Seu discípulo não se afastaria dessa origem. Após o falecimento da esposa ele fica muito triste, doente, com gripe e depois malária. Mas ainda continua ensinando. Falece em 16 de abril de 1560, em Wittenberg.


 
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 19/07/2016
Alterado em 19/07/2016
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