Mariano Soltys
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BERNARD MANDEVILLE (1670-1733)

 
Berdard de Mandeville nasceu em 15 de Novembro de 1670, e batizado cinco dias após nascimento, em Países Baixos (Holanda), Rotterdã, ou Dordrecht, sendo filho de médico e de família francesa por parte de pai, formada por médicos e de tradição nesse sentido. Filósofo, médico, economista, moralista e satírico. De início estudou em Escola Erasmiana, onde já mostra talento precoce literário, ao escrever Oratio Scholastica. Matricula-se assim aos 15 anos na Universidade de Leyden, estudando Filosofia e Medicina, onde tem a tese Brutorum Operationibus, onde defende a teoria cartesiana do mecanismo biológico nos animais. Mas seu pai foi desterrado de Rotterdã por problemas com impostos. Após a morte de seu pai vai para a Inglaterra, aprendendo inglês e assim sendo primeiro tradutor, depois entrando na literatura, além de exercer a medicina, se especializando em problemas nervosos e estomacais. Escreveu “A teatrise of the hypochondriac and hysteric passions”, tratando assim de hipocondria e histeria, mostrando uma tendência psiquiátrica. Dedica-se desta feita a prática da psiquiatria em Londres. Casou com Ruth Elisabeth Laurence, que em um mês lhe deu um filho, Michael, e mais tarde uma filha, Penélope. Mas a sua fama veio com a obra sobre a Fábula das Abelhas, onde critica os valores morais de seu tempo, tendo como subtítulo os “Vícios privados: virtudes públicas”, mostrando sua intenção e crítica, apesar de ser anônima a autoria. Assim, a sociedade das abelhas, na colmeia, se mantém próspera por causa da vida do libertino, que com seu costume gera emprego, circulação de dinheiro e tudo mais. Também certas catástrofes viriam para o bem, como ao destruir construções, empregariam pessoas para a construção de novas. As abelhas imorais ao se tornarem morais se arruinariam. Para se ser virtuoso teria de ser pobre e endurecido, e sua vida seria apenas para a subsistência. Deste modo, mostra a importância dos vícios humanos, da ambição e do luxo. Desta feita, do vício vem o benefício público. No egoísmo que se alicerça a sociedade, mas não se sintoniza tanto com Hobbes, nem com Maquiavel e menos ainda com Shaftesbury. A pessoa para ele tem como sua natureza a busca do autoamor. Logo, a sociedade e a arte param sem as ambições. Isso ocorreu na colmeia quando se pediu aos deuses e foi atendido, de modo que a colmeia mudou e tornou as pessoas honestas, o que arruinou sua manutenção. De interessante que ele fala que os padres são presunçosos, entre outras alfinetadas na obra. Na colmeia, todos que possuíam algum cargo, tinham também alguma forma de velhacaria. Mesmo os jurisconsultos analisavam as leis como ladrões examinam palácios. Mas o luxo era mantido apenas para a metade da população da colmeia. Sua obra quando apareceu, logo despertou a atenção de moralistas, que acharam se tratar de uma obra que atacava valores cristãos e feita por um liberal sem escrúpulos. Acertaram nesse sentido, uma vez que Hayek e outros viram essa obra como precursora do liberalismo econômico. Rousseau fala bem em sua obra sobre a desigualdade, no sentido de resultar em pensamento de Adan Smith e Ayn Rand. Mas a obra foi condenada em 1723 por induzir a alteração da ordem pública, denunciada em London Journal e atacada por muitos escritores. Escreveu Archibald Campbell em sua Aretelogia, bem como George Berkeley, Alciphron e também John Brown, em seu Ensaio sobre as características de Shaftesbury. Mas a crítica de Mandeville ia bem no sentido de Shaftesbyry, em seu otimismo de ver o homem naturalmente bom ou virtuoso, quando a sociedade provava o contrário. As abelhas foram uma máscara dessa denúncia. As leis sociais resultariam dos fracos para os proteger dos fortes. Também mostrou na fábula que o altruísmo pode ser destrutivo ou estacionar o progresso. Esse interesse individual em benefício da sociedade parece também uma semente para o utilitarismo. Ademais, há essa marca liberal em achar que o bem estar é maior quando há menor intervenção do governo e de organismos de caridade. Foi um marco do moralismo inglês anterior a ilustração. Demonstrou assim que o vício é a virtude e a virtude é o vício. Parece ter sido igualmente um grande humanista e conhecedor da psicologia humana. Mas até tem certo otimismo, a ver em todo o conjunto, mesmo com vícios, um paraíso. E Mandeville tinha suas influências, como Descartes, Hobbes, Gassendi etc. Um precursor do laissez-faire. Escreveu também uma obra intitulada “Pensamentos livres sobre a religião”, onde trata da tolerância. Foi ainda interprete do divórcio de Duque de Norfolk. O homem é assim intrinsecamente competitivo e agressivo. Logo, o sistema econômico é de autorregulação. Por fim morre com uma forte gripe em 21 de janeiro de 1733, em Hackney, sendo a notícia de sua morte registrada na Paróquia St. Stephen, Coleman Street, em Londres.


 
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 31/08/2016
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