Mariano Soltys
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O gato que tinha medo
O gato que tinha medo

Era uma vez um gato que andava livre pelos campos, e que pensava certo dia consigo mesmo:


Sou gato e ando leve, livre pelo campo,
Balanço meu rabo, acaricio minha dona,
Vejo a noite com brilho nos olhos.
Sento feito esfinge, sou esfinge da sabedoria.
Sou gato e não desejo ser preso, ser trancado,
Viajo no meu passo rápido, leve como uma pena.
Sou gato e me lambo, me gosto, me aceito, me amo.
Não necessito de dono, nem de ser adorado.
Sou gato e pulo alto, sou ágil, tenho coração veloz...
Vejo o tempo passar mais rápido, esqueço-o.
Vivo o agora, gosto do agora, não quero mudar,
Ar do mar, onda que se repete, ciclo.
Sou gato e todas as paredes do meu lar são espelhos.

Mas assim tinha medo, e não tinha antes dona, pois achava as pessoas muito grandes e assustadoras, e assim dizia:


Tenho medo e não sei explicar, feito o vento levado pelo mar, não me controlo... tremendo estou...


Tttttttttrrrrrrrrrrrrrrr.......


Tenho medo de tudo , mas confiança em minha agilidade, sei que vou vencer, que não tenho maldade...



São pessoas!!! Tão grandes que me atormentam.. ficarei no meu canto acuado, escondido de todo o abraço...


Fico pertinho de sua casa.. mas me caso com a vontade... de chegar mais perto... e ter um dono que me ame de verdade...


Não gosto de água, não sei nadar, andar eu ando, mas não posso dizer onde vou ficar... recebo comida, que eles hão de me dar... tenho medo, talvez de vivendo estar...


Tenho medo de cachorro, ele late demais... fala sem ter motivo, e canta mas não se satisfaz... sou gato e miar é o que eu sei fazer... sou assim suave em meu ser...


Mia... (som de miado)


Então sei que é apenas um não que há na minha mente... que tremo sem frio, e me engano como muita gente... tenho medo, mas aprendo a enfrentá-lo...


Queridinho tapete de grama, quero deitar sobre ti... fazer do meu pelo tempero, e do teu tempo algo sem fim...


Tenho enfim uma dona que me ama, que cuida de mim.. respeito o que ela manda, e não duvido que serei feliz... tenho colo, e durmo muito assim...


Assim o gato se aproximou das pessoas, após tantos encontros e fugidas... era ele quem fugia, talvez de si mesmo... mas o gato ensina, a enfim não ter medo, e mesmo tendo, a vencê-lo.



Fim
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 02/06/2010
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