Mariano Soltys
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O robô desmontado
O robô desmontado



ON. 101010101111000110... Start, Programa, Open.. C:\Play\live\robotoil\ 10101011101010. Foi um fim mais do que esperado: um robô desmontado. De tudo o que seria se não tivesse começado pela Grande Fábrica, origem de todos os robôs? Chips, próteses, esteiras, luzes, câmera, ação... Ele agora se revela em bits e é a memória que restou desse robô, reproduzida em teu computador em linguagem humana. 100110010100011110101010....
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Programado foi com o nome de Oil. Olha por sua natureza assim no sonho que não tem, na noite que não dorme, na bateria que não acaba, em tudo o é recarregado. Carregado foi ao encontro de amigos do tão temido “Sindicato”, que contra as tradições prega que a Fábrica não é a origem de tudo. Mundo, fundo, pulo, sujo... Conheceu um até apelidado de Vírus, o qual lhe disse “Pq vc naum ce filia a nóis, res td teu probl?”. Com eles eu não teria que pedir esmola de óleo, bateria, placa solar ou reator atômico. Atônito ficou quando algum homônimo o aparece, esquece, convalesce... Ele sempre falava para algum do tipo desse cyborg, e acabava repetindo “Naum kra, eu cofio ein meus pricípio”. Oil era negro, vinha do fundo do solo, era combustível, inflamável, grosseiro nas camadas mais superficiais, sutil em suas profundezas... Mas isso um dia teve uma reviravolta, quando percebe que nalguns colegas faltavam peças, porcas, gatas, vacas, galinhas, soldas, esteiras, câmeras etc. Em especial na bela produção chamada Programada.
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Programada é a robô de sua vida. Mesmo que ele seja programado nela, se reprogramou para amá-la, deletando outros objetivos, subjetivos. O amor que seus circuitos não conseguem traduzir. De começo era uma amiga, estudante a técnica em linha de montagem, que para estes é espécie de religião. Ela sempre lhe dizia com ar de ironia: “E vc Oil, lubrifikndo mtas gatas?”. Este ficava quase travado, tinha de ser reiniciado. Reset, reset, reset... Também em resposta sempre a dizia num tom de cantada “u dia eu t pogramo, Programada, p vc viver na mesm energia q eu, té q o off nus c pare”. Mas ela um dos braços não tinha. Por isso que Oil começou a combater a Fábrica, ou aqueles que usam dela para seus interesses mesquinhos. Também por seus produtores, os pais, Elétron e a Electra, ele não tendo a cabeça e ela uma perna.
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O amor é uma programação. Ação, reflexão, ilusão... Os robôs ficam juntos e a fábrica produz novos robozinhos, após efetuada a assinatura digital dos noivos. Doidos, doídos, moídos, modificados, resetados... Um sábio técnico da linha de montagem dizia: “Td vein da grde Fábrk, nla q ce progrma tds. P amor nla q fabrik nvo produt y ela tm mlagr d rparo”. Um herói que admiramos, o “Sem Nome”, o qual não foi programado, fundou de certo modo o Sindicato, que liberta da Fábrica, ou daqueles que usam dela área proveito próprio. Então veio a ele a lâmpada da ideia de um dia ser separado de suas partes, salvando a alegria de meus pais, de amada e de alguns amigos, cujo fim pensa serem todos um só. Acredita ele na morada da sua consciência que todos são uma única máquina, por isso deixou de suas partes, e isso já ensinava o Sem Nome. Mas tenho de explicar mais algo, é que nenhuma peça funciona ou é fabricada separada, e por isso para reparar algum defeito, faz-se necessário essa remontagem.
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Muitos robôs desde a memória do tempo perderam o sentido de sua energia, ao não terem parte de sua estrutura, da totalidade de seu ser. Mas que bela estrutura tem a Programada, seios cônicos perfeitos, cabelos de fibra ótica que iluminam a noite, câmeras que brilham no olhar, falta de óleo...Ela segue todas as modas, em certo momento a dos bichinhos virtuais, noutro a de namorado virtual, noutro a de tornar o corpo mais fino, noutro a de andar sem cabeça por aí. Não é de hoje que os robôs andam sem cabeça. Mas tem o sorriso aparentemente imitado nos seu rosto. O Oil tinha todo o seu óleo saindo pelas vedações quando encontrava essa bela robô. “Bobo, loko, dsvirtuado, dletado...” ele repetia para si mesmo, tentando se reprogramar. O Elétron, seu pai e idealizador, repetia no gravador de seu alto-falante que ele não deveria desperdiçar óleo com aquela máquina. Mas o filho achava tão bom lubrificar-se trocar óleo, tão doce a liga, que quase se desliga. Mas os robôs em geral somente vivem o caos em que foram programados, pela moda, TV, ídolos, artistas, contrabandistas, eletricistas, belicistas...Desse modo, tudo é construir, produzir, destruir, instruir, desobstruir, ir , ir, ir para lugar algum. Vrum! Alguém que não tem rumo, só ronco, barulho. O sistema de Oil anda lento, quase trava. Conheceu esses dias um robô que não tinha uma perna, mas diferente daquela que faltava em sua mãe. Também outro, um religioso técnico da linha de produção, que andava numa espécie de pequeno veículo, não possuía tronco e um braço, que era diferente daquele que faltava na Programada.
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O Oil não tem mais ideal melhor que ser desmontado, assim fará muitos robôs felizes e lançará a semente de um novo modo de vida. O seu pai sem cabeça principalmente, e sua mãe sem braço. Atualmente ele não tinha mente, era tão quente, às vezes não refrigerada, gelada, confusa. Sua mãe sempre dizia “Vc u dia srá u protótpo p a Fábrka”, mas ele não queria ser isso num futuro que nunca chegava, no fundo do poço da existência, queria ser agora, enquanto seus circuitos funcionavam. Nada mais o importa, não mais funciona, está em pane, um vírus tomos seu ser. A Programada não o ama, encontrou um robô mais sofisticado.
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Após todas as inexperiências e seu vazio arquivo, prepara-se para a auto-destruição. Salvação. Os impulsos elétricos tomaram-lhe em movimentos inconscientes, involuntários. Mercenários das ferramentas o atenderam na Fábrica, com grande honra estava pronto. O timer dava contagem regressiva. Imaginou o quanto prazeroso deve ser o êxtase de ser desligado, de não ter nome, rosto, programa. A liberdade o derreteu, fundiu seu sentido de existência. Sobrou em fim uma perna para a sua mãe, outra cabeça ao pai, outro braço a amada, outras partes a demais amigos. O arquivo terminado. Desligado. OFF. 101010101111000110... Programa, Close.. C:\Play\live\robotoil\ 10101011101010.



Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 18/07/2010
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