Mariano Soltys
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MEMÓRIA DO FUTURO – NOVELA –PARTE 34
MEMÓRIA DO FUTURO – NOVELA –PARTE  34


Respiração metalizada. MS assim precisa receber leite. Tina cuida dele, com todo o amor, descascando sua armadura emocional. Ele é um homem que está aprendendo a amar, ou que finalmente encontra no mundo alguma consideração. Já se passaram 3 meses desde que ele foi replicado pelo DNA. MS quase falava, mas apenas um eco se ouvia de desejos em relação a Tina, desejos divididos por um muro de metal, entre um mundo ocidental e um oriental. Letal destino para quem não se adapta. Ele supera, e cada dia está mais humano. Melhor que um robô, que apesar de por fora ser igual as pessoas, por dentro não tem alma. Já MS tem alma maravilhosa por dentro e é visto como um vilão por fora. Armadura de metal, sem toques, sem loves... MS começa a caminhar, e assim se houve a marcha para a vida que ecoa no lar de Tina. Ela tenta tocar em MS, mas ele intocável, é apenas frio minério, aço que traspassa corações. Trapaça é não nascer completo. Um Osíris parece, sem sua porção ainda masculina. Tudo irá funcionar quando armadura tirar. Por enquanto Tina ouve apenas rugir a respiração pela máscara que usa MS. Os olhos negros dele são como tubarões que devoram a vida. Lida diariamente com esse mundo que nasceu em seu peito. Ah mundo desabitado, peito órfão de jardim semi-florido. Querido, você já trocou as fraudas? Tudo resolvido por robôs, por tecnologias, por mundos virtuais e anestesias. Alegrias estavam fechadas por uma máscara. Escondido destino, alma engaiolada. Ela mesmo assim pegava nas longas mãos de alquimia projetadas de MS e lhe falava eu te amo. Ele ainda não compreendia, ou não falava, era apenas alguém que chorava, e sorria, e usava frauda. Mas agora renascia, verdadeiro, em carne e osso, em sangue e dorso. Ainda que um ainda fosse o máximo possível, Tina exigia esperança, que florescia sua vontade. Ela de cabelo sem tintura, agora quase no parto, um segundo parto, a das filhas de MS. Exame pré-natal já revelava elas em 4D, já sentia o calor humano Tina. E MS frio, aquecido que nem um astronauta, vivendo entre mundo interno e externo, compacto sentimento. Vento frio trafega pela automotiva pele de MS, assoviando feito carro elétrico de corrida. Ele tem entretenimentos em sua escola interna, a armadura ensina a viver. Tina é mãe duas vezes. Agora está perto de passar por mais um parto, combina horário com robôs. Tomara o DNA de MS seja bom mesmo. O mundo antes controlador agora se rende ao mais puro amor. Reduzida dor, robôs são cautelosos e a tecnologia ajuda. Tina está já em hospital espacial. Descobriu-se que em gravidade zero o parto se dá em melhores condições, isso em 2080. MS tentava compreender o incompreensível, divina mulher no parto da vida. Assim levado foi por robôs para acompanhar sua esposa. Suas filhas nascidas do futuro, seu destino construído com ternura. Apenas sêmen, e ainda essência divina. Tina já esperava com ansiedade. Chorava, sorria, era toda amabilidade. Ela sem idade, ele já nascendo maduro, casal medievo, ele com armadura, ela na plena fé da vida eterna. Nasce primeiro uma, depois outra, e sorriso de tina se mistura a lágrima, e supersentimento se traduz em sua hora magna. Lindas meninas, nascem fortes e saudáveis, MS quase compreende, e chora por dentro de sua armadura, sem demonstrar. Uma se chama Ketlin, e outra Celestine, ambas amadas, fruto do destino traçado de MS e Tina. Logo um chip colocado em seus pulsos e elas seriam reconhecidas pelo governo mundial. Uma linda demais e outra trilegal, uma a cara da mãe, e outra a cara daquele sensacional, MS. Ela as pega no colo, como um herói, um gigante segurando a vida pequena a frágil em suas mãos poderosas.    

Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 29/09/2012
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