MEMÓRIA DO FUTURO – NOVELA –PARTE 35
MEMÓRIA DO FUTURO – NOVELA –PARTE 35
Tecnologia falhando. MS já passou pela fase mineral e vegetal de seu ser, agora estava em fase animal. No mundo cibernético eram satisfeitos instintos e apetites, tudo era equilibrado. Tina observava aquele mundo especial que fluía de continente a continente, big bang de tempestade. Música flameja nos ouvidos de fogo, som de vozes doces vibram na alma de MS. Um robô conversa sobre lógica. A não é A, B então deve ser B. Pessoas comprar tênis refrigerado, games em 4D, TVs especiais que funcionam na água, trocam de rosto. Ninguém é ninguém, todos fingem ser o que não são. Esse é o presente, 2112, compra-se presente para viver, se vive embalado. Armaduras recriam seres que reinventados são pela esperança. Flores de plástico enfeitam as cidades de acrílico e metal, carros elétricos trafegam silenciosos pela megalópole de diversões. Tribos não passam mais fome, a cor das pessoas já não é mais a mesma. Lesma trafega em nave espacial, morre asfixiada pelo orgulho humano. Rápida vida que não envelhece, maquiagem de emoções nunca experimentadas. Cadeiras em bolhas, pessoas vivendo em si mesmas. Auto-amor como toda a forma de amor, novas formas de sexualidade. O casamento um mito das antigas idades, e as pessoas prostituem sua vontade. Equipamento falha, o mundo para. Pessoas conectadas ao nascerem, bebês com chips, sem os quais não podem comprar ou vender. Apocalipse de humanidade, sem emoção, sem alegria sem nada real. Violência abunda onde não existe lei, western do futuro. Memória sem fundo, poço sem luz, fim de túnel onde se choca o trem da vida. Sistemas de som e imagem tudo no humano se resume a isso, em eletrodos na cabeça, em inteligência artificial. MS acaricia cães para desenvolver sua emoção, pois as pessoas perderam seu afeto. Pós-modernidade engolida em consumismo, em vender e ser vendido. Todos têm seu valor, tudo se perdeu, as pessoas venderam suas almas. Tina deixa as meninas nas mãos de MS, dança com hologramas, dançarina de alegria. Cada dia é um novo passo para a coreografia da família que nasce. As loirinhas estão com poucos cabelos na cabeça, e nenhum perigo corem nas mãos puras de seu pai. Casto pai, filho de Maria, mãe do Escolhido, nome escrito na paternidade da providência. Carinhoso ser embalado em armadura, homem que cresce no amor. Não há nada melhor que amar o que já nasceu do amor. Duas vezes amor, flor cheirada duas vezes, raiz eterna de carinho. E gestos já denunciam um MS que está pra nascer, sonho de Tina. Um salvador nesse tempo de frieza, e um grande homem. MS aprendeu a escrever, escreveu a vida, passa assim as horas nas quais não ama Ketlin, Celestine ou Tina. Um dono de casa, cozinha doces e salgados. Sabores sem igual, passeia pelo tempo, temperando a temperança. Sonho realizado, lágrimas que no rosto escrevem as linhas da satisfação. Na rua de vidro é visto com as duas crianças no colo, refletindo futuro e passado.
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 30/09/2012