Mariano Soltys
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MEMÓRIA DO FUTURO – NOVELA – PARTE 37
MEMÓRIA DO FUTURO – NOVELA – PARTE 37



MS lembrava do jeito que foi tratado. Sentia-se triste por ser visto como mentiroso, quando lutou ao máximo por ser defensor da verdade. Só a memória da natureza, que não mente, poderia confirmar a vida atribulada de MS. Tina acredita nele, ouve suas mágoas, ele com poucas palavras. Ela o levaria a um cruzeiro de dirigível, pra passear. Feito em Titanic, passeariam levados serenamente pelo sopro dos ventos. No dirigível uma orquestra tocava músicas clássicas, Tina segurava na mão de MS, fazia-lhe carinhos aos poucos, uma vez que ele nasceu em grande dor, lembrando ainda de grandes dores do passado. Apesar de ter sido um homem bem sucedido ao seu tempo. Piano tocava namorando com um violino. E o eco da emoção cobria todo o espaço dourado e iluminado, onde estavam se aninhando Tina e MS. O rosto jovial da loura Tina sorria em meio a seu nariz arrebitado e pequeno, principesca companhia. MS tentava sorrir, desacostumado. Amado e mal amado, ele era presente e passado. Navegando assim no azul do céu os olhos azuis de MS brilhavam contornando um mundo novo. A mudança o tinha feito bem. Tina o levou para uma casa onde havia lago cristalino, flores e pássaros a cantar, e Tina a amar. O mar do céu estava calmo, ventania não se encontrava. Primavera era sentida em perfumes e contemplações. Adulações. O peito de MS doía por falta de amor. Calor pousava nesse ser emergido do ovo tecnológico. Umas naves passavam voando ao lado do dirigível. Ao longe passava um ônibus espacial. O céu se vestia de multicolorido, feito o longo vestido de Tina. Ela querida, e querendo abraçar MS. Ele pensava nas meninas, onde estavam, se bem cuidadas. Ligadas, elas gêmeas vestiam o mesmo signo, dividiam estralas do céu por onde passavam. As lourinhas sentiam saudades do pai. O papi vai voltar logo? Não sei mana, acho que ele vai demorara, foi passear com mami. Vamo brincá, até que voltem. Venha, traga a tua boneca. Agora não, passa o desenho. Quero brincar de massinha. Eu não, quero brincar com a TV de água. Assim as duas passavam o tempo ao aguardar o querido paizão. Meu amor, você está feliz? Oi, estou muito. E MS não falava muito mais ao ser questionado pelo doce sussurro de Tina. Ela lembrava da filosofia dele, de viver todos os carinhos, sentimentalismo filosófico. Assim abraçava, calor humano tão raro em tempos hiper-tecnológicos. Trágicos. Cada dia era uma eternidade, cada eternidade uma castidade, cada alegria era sempiterna. Terna Tina era carinho vestido em pessoa. Noite engolia o Sol e o dirigível parava, sendo levado pela brisa. Gigantesco objeto flutuante, adorado por MS. Ele grudado em Tina, ela esperando período de maturação de seus órgãos. MS sofria às vezes, tudo em fase de desenvolvimento. Não poderia se alimentar muito, nem forçar o corpo. Ela cuidava para que ele não excedesse. Tina ansiosa pela primeira noite com ele. Mas seria essa em nave espacial, e especial. Por enquanto seguraria e ele é muito controlado. Costume, legume que não era desfrutado. Recrutado pelo destino, MS cumpria sua missão, batalha pela vida. Não se pode quebrar a rotina de décadas de uma hora pra outra. Tudo estava adormecido, MS hibernava em sua masculinidade. Nunca antes muito valorada, nem estimulada. Luta com adversário holográfico, soqueia, chuta, MS é observado por ela, curiosa e desejosa. Ela pegajosa, mas ele adora. Forte, ele se desenvolve, renasce, em corpo que se fortalece. Fortaleza de emoção. Amor, me beija... Assim ele sentiu a unidade de todas as coisas nos braços da mulher de seus sonhos. Agora piano tocava Beethoven e as estrelas falavam ao luar, comunicavam o extraordinário. Milagres acontecem. MS amando e namorando. Tambores quebravam esse ritmo, Stravinsky dizia presente ao repertório. Parece tubarão essa música, sorria ela ao estar quase sem ar nos braços dele. Engolida estava nos dentes do amor. Sagrada primavera, venha cobrir com flores os passos de Vênus! Que ela reine em todas as coisas de agora e diante. Assim MS navegava dormindo no colo dela, tendo seus ralos cabelos acariciados pelas pequenas e macias mãos. Robôs entregavam bebidas adocicadas, que evaporavam na boca. E a orquestra continuava louca. O dirigível anunciava que era hora de repousar, para que estava em seu exterior. As baladas envolveriam a noite. MS e Tina iam dormir, de conchinha. Ela Vênus de nascer do mar, de uma concha. Zéfiro vento assoprava, a maça estava em gosto em sua boca que repousava, de tanto falar. Ele dormia sereno, querido e fofo. Ela pensava e acariciava as pernas dele. Tudo estava certo, confirmado. As paredes representavam o mar que se movia e chiava. Espumas do mar, ondas de carinhos. Tina mergulhava em sonhos realizados. MS é um grande realizador de sonhos. Sonhador profissional.
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 06/10/2012
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