“Guerra nas Estrelas”, “Matrix” e “Questão de Honra”, segundo filósofo Slavoj Zizek
Até hoje escrevi comentando filmes sob ponto de vista filosófico. Fico feliz de ter encontrado um autor que trata do tema, e assim fazer uma interdisciplinaridade até um âmbito axiológico, estético ou mesmo político. Zizek é um pensador esloveno pós-materialista, que merece aqui a atenção em sua obra “A visão em paralaxe”, que me emprestou amigo também filósofo, Cléverson Israel Minikovsky, o teórico da metanarrativa. A obra trata além de filmes, de temas contemporâneos, e de pensamentos como o de Kierkegaard, que aqui não vamos tratar. Fato é que falar de filmes coloca esse autor entre os que aqui podem ter destaque em meu site, um dos poucos a falar de filosofia e sua relação com filmes.
Sobre “Guerra nas Estrelas”, trata Zizek do problema do bem e do mal, falando de deuses como a hindu Kali, bem como o papel que esse aspecto toma, ainda divagando sobre a mitologia de Richard Wagner. Assim o Dark Wader seria uma versão do homem que se perdeu por sua ganância, por seu apego material. Já o Anakin representaria o bem. Esse Anakin em muito imita Cristo, por ter tido uma concepção imaculada e por ser “escolhido”. Porém se enquadra antes na Nova Era, um retorno ao paganismo (por isso de se transformar em mal...). O equilíbrio da “Força” não é mais que um monismo, onde as coisas são ambas partes de um Todo maior. O lado negro da Força está assim em cada iniciado Jedi, que parece ser uma confraria branca. Os Sith são representantes da mão esquerda, ou da ingênua visão sobre a mesma. Na verdade, o senador é o líder dos Sith, e então a democracia nada mais seria que uma ilusão nos filmes. Por fim o lado negro vence e a esperança fica apenas no herdeiro que virá. E na verdade Obi-Wan faz papel de salvador, e que não se entrega as forças do lado sombrio. Na verdade o relato do filme é iniciático, e já Joseph Campbel tratou de forma mais profunda que Zizek. E segundo o esloveno seria que o excesso de bem leva ao moralismo, um mal. E a máscara de Vader já é um tema amplo, o da persona. E Derrida sugeriu que são os ateus que rezam de verdade.
Já em “Matrix”, fala de Lacan e que o mesmo representaria o Grande Outro, a rede. E Neo seria aquele que desvenda e domina isso, ajudado por Morpheus. Esse deserto ddo Real vai muito além da mera subjetividade psicológica. Vejo que em muito é mais uma vez a linguagem iniciática e os ‘planos’ ou dimensões, e assim o que antigos chamavam de mundo astral. Um mundo de éter, e por isso de Neo também conseguir entornar colheres com pensamento, cair de prédio e penhasco sem se ferir etc. No astral há uma regra de 4ª dimensão. E o nome Morpheus é uma literal referência aos sonhos. Claro que voltando a aspecto filosófico, a ideia de sistema e de liberdade, uma vez que se está condicionado a uma realidade criada pelo próprio poder humano, e que se alimenta desse humano. Vi no primeiro da trilogia o melhor, e depois as coisas ficaram meio confusas, ou se dedicando mais a luta e robôs, que na questão ideológica sobre a realidade última. E Neo em muito é um pseudo-Cristo, e o Smith uma espécie de pseudo-Diabo. Não há solução e Matrix permanece.
Em “Questão de honra” se fala em um padrão ético ilegal de um determinado “Código vermelho”, regra militar onde se pode surrar um colega que trai a ética interna dos fuzileiros. O caso é de dois colegas que assassinam amigo sobre essa situação. A regra do grupo se sobressai sobre a própria ética natural ou óbvia. É uma “lei oral”, que vemos sempre guardando uma tradição. Um código do super ego, segundo Derrida. O Pai Primevo de Freud que sustenta essa lei oral. Isso vemos na contradição entre a Lei dos Homens, e a Lei Divina, que é tanta requerida pelo povo, quando vê uma injustiça judicial em tribunais. Também em regras internas de presídios, se vê uma ética do grupo, que parece não ter sentido para quem está fora.