Salmos interpretados pelo Talmude
Salmos interpretados pelo Talmude
“Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e na sua mão espada de dois gumes” (Sal. 149:6) “o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os abatidos (encurvados)” (Sal. 146:8) “Fizeste com que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água, mas nos trouxeste a um lugar de abundância”.(Sal. 66:12) “Ele faz cessar as guerras (desolações) até os confins da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo”. (Sal. 46:9) “Minha oração, porém, sobe até vós, Senhor, na hora de vossa misericórdia (hora de aceitação), ó Deus.” (Sal. 69:14)
O livro dos Salmos da Bíblia, em hebraico traduzido como “livro dos louvores”, e na Torá chamado Tehilin, nos leva a profundos ensinamentos. Assim se deve, para compreender seus meandros, estudar a cultura judaica e sua tradição oral. Para tanto, Moisés recebeu no monte Sinai as tábuas da Lei (Torá), os mandamentos, a Mishna, o Talmud e até mesmo o Zohar. Usar apenas da Torá escrita seria temeroso, e se deve assim buscar a opinião dos sábios, que perpetuaram aquela tradição oral que se reveste de suma importância para entender o que está escrito. Assim o salmo é especial a se louvar a Deus. Primeiro que os dois primeiros salmos são na verdade um só, segundo talmudistas. Porque começa e termina pela expressão “Bem aventurado”, sendo que ainda o segundo salmo seria uma referência a gentios e guerra de Gog e Magog. Indo para o aspecto místico, o salmo 91 e o 149, um referente aos 1000 e 10000, e outro a espada de dois gumes, se referem a mazikin, aos demônios, que são em maior número que os seres humanos. A espada de sois gumes é a oração Shemáh, recitada ao começar e terminar o dia. No salmo 146 fala que o Senhor levanta os encurvados (mal traduzido para abatidos...), e assim nos leva a pensar em Nosso Senhor Jesus, na cura do coxo. Mas originariamente se referia a oração (onde se fica encurvado), do Shemáh noturno. No que tange a Salmo 66, o mesmo se refere a água e fogo, e que os sábios no Talmud veem como o julgamento da água e fogo, pois a face da pessoa envergonhada (pelo pecado) fica rubra (fogo) ou branca (água). Já no Salmo 46, quando se diz : “Ele faz cessar as desolações até os confins da terra”, não se deve ler desolações (Schamot), mas sim nomes (Shemot), pois o nome provoca as ações nas pessoas. Percebemos assim os nomes bíblicos com a chave de comportamento das pessoas, mesmo o que ocorre com estes. E no “nome” nesse salmo se refere as gerações de Noé, uma vez “Hen” é nome ao contrário. O nome revela o destino. Com relação a Salmo 69, quando o mesmo fala na oração e hora da misericórdia, na verdade a tradução é “hora da aceitação” (Ratzon), sendo a hora que reza a congregação na sinagoga. Sobre as regras de comportamento na sinagoga, há um livro judaico chamado Shulkan Aruch, que trata isso em pormenores. Para a Presença Divina (Shekiná), se devem reunir pelo menos 10 pessoas em oração, segundo certos escritos. Apesar de que Jesus (Ieheshua) falou para não rezar-se como os hipócritas, que são aqueles que não se concentram na oração, e ainda falando para se trancar no quarto (do coração, interno etc). Vale que bendizer a Deus sempre é recomendado, e que Davi serve de exemplo nesse sentido. O livro dos salmos traz ainda muitos mistérios, e aqui no presente artigo ficaria muito extenso falar desses detalhes, mas é um livro profundamente místico. O livro do Zohar comenta sobre esse viés, mas já falei o bastante do tema em minha obra Comentários à Bíblia.
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 30/11/2013