Futebol e a superioridade da filosofia Alemã
Foi positivo. Pensamos em reforma do nosso futebol e comparamos com a qualidade europeia, revendo nossos conceitos e combatendo a corrupção esportiva. Vejo isso como um processo de renovação ética, mais do que ética: mas cultural. No país do “jeitinho” de burlar a lei, de estádios super-faturados, de jogadores que não pensam duas vezes, ao se vender a times estrangeiros – fiquei feliz. Estou otimista. Desde aquele Santos x Barcelona, percebi a qualidade da estratégia dos europeus, frente a um futebol atrasado. Times brasileiros chegaram a nem ir em frente na Libertadores, e mesmo perderam para times africanos em outros campeonatos mundiais. Fato é que esse 7x1 da Alemanha foi a gota d'água da mudança. E essa mudança é ética, e mostrou a superioridade da filosofia alemã, de sua ética e de um processo de país que passou por guerras, por erros e acertos. Fico feliz porque começa a mudança, e só tende a melhorar. O futebol brasileiro de tempo já anda em decadência. Outras copas o provaram, como em 2006 e 2010. A justiça venceu, mesmo que por meio severo.
Há anos eu já escrevia sobre o futebol em meu livro Crítica da Moral, e entre outros assuntos, como ética e costumes, me veio a seguinte reflexão: “Futebol: É interessante a compulsão de alguns homens pelo futebol e de torcer violentamente em prol deste (uma forma de lutar sem lutar ou de usar do testosterona...) e de colaborar com o “esporte” (ou melhor, marketing esportivo) onde se encontram previamente as cartas marcadas. Acredito que o ódio faça parte do amor, por isso vejo em nós homens tal destino primitivo. Vemos também nesse esporte uma forma de êxodo nacional, onde jogadores vendem sua alma para jogar no exterior, tudo isso pelo Deus dinheiro. Após a decadência, esses mesmos jogadores retornam ao seu país de origem para jogar entre aqueles que tanto “estimavam”, mesmo que por menos dinheiro”. Não se precisa explicar muito, e sabemos que hoje as coisas mudaram muito no futebol. Menos aqui. Acham que podem vencer com peso da camisa, sorte entre outros mitos.
A seleção do Brasil já vinha na sorte desde o começo, e achava eu que nas eliminatórias, se jogasse, nem se classificaria. Pois bem. Fomos até bem na copa, com o times que tínhamos. Sem atacante, sem novo goleiro, com time parecido com o de 2010. Uma pessoa disse que nosso time é inferior ao de 2010, acho que um técnico estrangeiro. Ele acertou. Não convocamos Kaká, nem Robinho, nem Lucas, e tantos outros. Qualquer um que entendesse de futebol via que essa seleção não ia longe, a não ser na sorte. Disputa de pênaltes foi sorte, contra Chile. Da Colômbia jogamos bem. Mas não merecia ser campeão, de jeito algum. Se fosse, eu diria que foi comprada a Copa.
Mas vieram times que golearam e ganharam. França, Holanda e Alemanha. Esses três deveriam ser os melhores. Provaram isso. E a filosofia alemã foi a melhor. Eles se recuperaram de 2002 e depois disso vieram com tudo. Usaram da experiência de um Marx, de um Kant, de um Hegel, de tantos pensadores alemães, de vida e de seriedade. Respeitaram nosso time. Poderia ter feito mais de 10 gols se desejassem. Foi mais uma lição de vida, de superação. Isso podemos ver na China nas Olimpíadas, dos EUA e assim vai. É investimento e cultura. Não se trata de culpar um time, mas sim de ver a estrutura. Uma nova era tem de vir, restaurando o futebol arte. E realmente se investindo no esporte, e não apenas deixando que jogadores se vendam a estrangeiros. Isso envolve uma ética, e um comportamento. Não vemos ainda no Brasil esse comportamento, nem a seriedade em muitas coisas. O futebol e o 7 a 1 foi apenas um reflexo dessa crise ética.