Mariano Soltys
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Textos
Tão bela ciência política
       
            Vemos na literatura e na filosofia belas obras falando de política. Desde o tão famoso Príncipe de Maquiavel, bem como outras, A Política de Aristóteles, e mesmo República de Platão, depois Espírito das Leis de Montesquieu, Ciência e Política de Max Weber, Leviatã de Thomas Hobbes e tantos outros. Lembrei-me de obra como O ponto de Mutação de Fritjof Capra e algumas menos conhecidas, como A elite do poder. Vem-me a história do poder e das conquistas que obtivemos, especialmente pelo Estado constitucional e democrático, da Revolução Francesa, independência de nações, superação da ditadura e outras conquistas. E então pensei: por que algumas pessoas deixarão de votar?
            A ciência política pelo que acabei entendendo não fala de politicagem, e nem de coligações partidárias. Pelo menos em obras clássicas que consultei. No geral vi teorias sobre o poder, o qual pode estar na mão de um só, como na ditadura ou monarquia, pode estar nas mãos de muitos, como na democracia, ou na mão de poucos, como na aristocracia. No Brasil vivemos um pouco de tudo. Tivemos o império de reis como Dom Pedro, depois passamos por alguns governos constitucionais de mera aparência, alguns até em regimes de ditadura ou o que antigamente se chamava de tirania, e depois passamos pela conquista da Constituição de 1988. A democracia então surge, de modo quase pleno. Tivemos mesmo em nosso município a mudança de nomes de ruas, que antes eram em alemão, para depois dar lugar a temas nacionais, em período de ditadura, e até certa perseguição de imigrantes e descendente daqui. Grupos estudantis e qualquer liberdade de pensamento que não concordasse com o sistema vigente, era perseguido. Então o poder era de poucos. Talvez ainda continue de poucos, mesmo com nossa pseudo-democracia.
            Não havia ensino de filosofia nas escolas. Como então se discutir política, sem ter lido o material básico de qualquer teoria? Assim as pessoas eram manipuladas, a dívida externa se ampliava e muita coisa ficava em segredo. Hoje temos transparência na política, e graças a certas conquistas, achamos que nossa geração é mais corrupta que as anteriores. O que ocorria era que antes ficava escondido, e que qualquer um que criticasse era acusado de ser “comunista”, depois perseguido e torturado. Mas a ciência política é tão bela. Perguntemos aos nossos candidatos quem entende algo sobre o tema. Façamos a pergunta se eles sendo quase “legisladores”, se alguma vez estudaram leis ou mesmo o que farão na Assembleia Legislativa ou no Congresso. Lembrando Montesquieu, sabemos que existe uma câmara alta, dos ricos, e uma câmara baixa, do povo, e que hoje percebemos uma como a dos deputados e outra o senado. Lembremos o trabalho feito pelo senado romano, arquivado na história.
            Então, por que votar? Porque conquistamos esse voto. Antigamente nem a mulher podia votar, sendo considerada não capaz. Conquistaram o voto. Hoje o jovem também pode votar, à partir de 16 anos. Então votar para mudar e enfrentar a elite do poder. Esse é o engajamento. Temos a liberdade e não fazemos. Temos esse ponto de mutação no governo, e a TV e todas as mídias não nos instruem. Querem que não pensemos. Por isso há candidatos da fama, despreparados. Há candidatos do dinheiro, que querem manter o sistema. E há aqueles que realmente desejam mudar. Porém devemos ter três mudanças: reforma política, desprofissionalização da política e reforma do modelo federativo. Doutro modo continuaremos mantendo mazelas. E ética. Porque senão voltaremos a outras ditaduras, a governos de poucos e a um sistema de Maquiavel, onde o príncipe faz e desfaz. E lutar começa pelo voto. Depois pela maior participação. Para que haja real democracia, não de meros “atores”.
 
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 03/10/2014
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