Mariano Soltys
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Mundo real versus mundo virtual
 
 
                A cada dia estamos mais e mais plugados na rede mundial de computadores. Agora com celulares que são verdadeiros computadores, cada vez mais estamos conectados em redes sociais e ferramentas que surgem, e assim deixamos de lado o real. Um famoso sociólogo disse que os relacionamentos estão líquidos, e que vivemos em um mundo líquido. Zygmunt Bauman é talvez um dos maiores intelectuais de nosso tempo. Mas até onde esse nosso mundo não nos traz também coisas positivas? E até onde isso tudo não facilita a nossa vida, haja vista a velocidade das comunicações?
            Esses dias eu estava assistindo um programa televisivo intitulado Catfish, na MTV, e no mesmo dois apresentadores buscam fazer com que pessoas envolvidas em namoros virtuais se encontrem. Para a surpresa, vi dois casos muito originais. Um que a melhor amiga fingia ser homem e conversava, até mesmo entrando em intimidades, e outro caso em que um rapaz falava com uma espécie de modelo, e na verdade era um homem. Isso mostra o quanto as pessoas mentem na Internet. E que é mais uma forma de máscara, do que psicólogos chamam de persona, ou mesmo uma múltipla personalidade. Mas há casos positivos.
            Vemos que existe um estelionato emocional, e que cada vez mais pessoas são vítimas de seus sonhos e ilusões. Quando isso envolve interesses, como dinheiro ou amor, fica claro que a manipulação é grande. Claro que existe muito de positivo nessas relações. Constitui em verdadeira terapia. Há pessoas que venceram a solidão com essas relações virtuais. Há pessoas que ganham dinheiro pela internet, e os homens mais ricos do mundo são exemplos. Não existe mais barreira, como foi o caso da timidez no passado. As pessoas podem buscar a fama de maneira mais acessível, e até mesmo um vídeo bobo pode ganhar grande notoriedade e importância na rede virtual. A comunicação é muito mais fácil do que no antigo telefone, ou mesmo meios anteriores, como carta, telégrafo e dispositivos que apenas se encontram em museus.
            O que deixa perplexo é que ainda há risco em fazer certos negócios pela rede. Já ouvi relato de problemas e deve o consumidor antes confiar em mundo real. Mas as pessoas compram cada vez mais pela Internet. Meus livros mesmos estão mais para a venda nesse meio, e assim fica um pouco mais automático o meio de divulgação. Vejo que nisso é positivo, pois sem o mundo virtual talvez eu nem fosse escritor. Minhas primeiras publicações se deram em ambiente virtual e tecnológico. A publicação sob demanda facilita a vida de escritores, uma vez que lhe possibilita maior liberdade no manejo de suas obras, como para alteração em tempo real e atualização. Vejo que os livros em meios como celulares podem ter algum atrativo, uma vez que movas gerações se afastaram de bibliotecas e livrarias. Quando muito são apenas levadas por modismos literários, e do mais ficam mais a ver filmes e redes sociais. Até mesmo estudar é possível, uma vez que hoje se encontram cursos acessíveis financeiramente sem sair de casa.
            Por outro lado, vivemos em um mundo onde as relações são descartáveis. O mundo virtual veio talvez para justificar e firmar esse modo de vida. Não mais cabem antigos valores e cada vez mais as diferenças são aceitas e compreendidas. Mais do que toleradas. Antigamente seria inconcebível o comportamento que a maioria das pessoas possui hoje. Os costumes são outros. E a regra da moral se baseia nos costumes. Logo as pessoas querem ser felizes. Talvez Bauman não conseguiu perceber que justamente nesse mundo líquido que se encontra a nossa solidez, e nosso modo de vida. Uma liberdade de grande mudança e de um “vir a ser”, na terminologia de Raul Seixas, uma metamorfose ambulante. Vivemos o real no virtual, e por isso não muda muito, uma vez que tudo chega até nossa mente.
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 13/10/2014
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