CÍCERO (106-43)
Marco Tulio Cícero nasceu em arpino, de uma família de ordem de cavaleiros, equestre, no ano de 106 antes de Cristo. Sua mãe era um tanto humilde, chamada Hélvia. O nome Cícero se deve ao formato de seu nariz, e cicer significa “grão-de-bico”. Advogado de grandes causas, por ser incomparável orador, se destacava também sendo poeta, de modo que há quem tenha dito que foi um dos maiores poetas de seu tempo. Em certa noite de insônia, teria escrito em torno de 500 versos. Vivendo em tempo difícil, de César, Cícero tinha um grande engajamento. Também como Cônsul e Governador, teve carreira política elogiada, tido como herói de Roma e rendo fama por toda a Itália. Os primeiros estudos fez com Filão, e no que tange as leis, estudo com Múcio Cévola. Questor da Sicília. Tinha frases irônicas e muitas vezes era tido como maldoso, haja vista sua grande lábia. Tornou-se o homem mais querido de Roma, quando combateu a conspiração de Cátilo. Escreveu muitas cartas. Estudo em Atenas filosofia, com amigo Ático. Defensor da república, envolveu-se em problemas com o poder, e chegou assim a ser exilado. Teve assim conflito com Pompeu, Crasso e César, sendo exilado até a Tessalônica. Casou-se duas vezes, escreveu ao filho um tratado sobre deveres ou moral. Perdeu uma filha, de modo que sua segunda esposa, Publíblia pareceu ficar feliz com o fato, assim se separando da mesma. Achava que em não existindo mulheres, os homens teriam assim de conversar com os deuses. Tinha muitos amigos, escrevendo também sobre a amizade, selecionando sabedoria nesse sentido. Tanto que ao se exilar em Dirráquio, foi visitado por um grande número de pessoas. Também quando visitou Rodes, na Grécia, foi tido com grande admiração. Teve problemas ainda com Marco Aurélio. Retirando-se da vida pública, passou a ensinar filosofia, em seu retiro a Túsculo. Não se trata tanto de um filósofo, mas mais um divulgador da filosofia. Ele era idealista e possuía uma mentalidade enciclopédica. Mas de interesse é como esse autor trata os temas da velhice e da amizade. Sendo amigo de Brutus, bem como tendo muitas amizades, acabou que com propriedade falou do assunto. Ligava assim a amizade ao bem, a virtude e que pessoas de bem podem ter amigos. E que a velhice é honrada e que apenas os idiotas resistem a envelhecer. Em nossa cultura em que o interesse material parece se sobrepor a amizade, bem como em que as pessoas se mutilam por causa da juventude, não se trata de algo sem importância o que escreveu Cícero. Também fala no tema da bela morte. Vemos muitos artistas morrerem de modo meio repentino ou glamouroso, nos deixando todos com saudades. Acertadamente Cícero falou em entender que a amizade só pode existir nos homens de bem. Por certo que nas pessoas malignas, há sempre a traição, senão com a própria família, mais ainda com seus amigos, ou pseudo-amigos. E também acertou que a amizade vale mais que o parentesco, apesar de haver uma ancestralidade importante, a amizade se faz por real sintonia de espírito, com valores parecidos e cumplicidade, diferente de um parentesco que apenas se resume em vínculo de sangue. A vida que é dura se torna menos dura com a amizade. E que verdadeiras amizades são eternas. Vemos que há mesmo uma tamanha união de gênio que as pessoas quase que criam um parentesco paralelo. Nas noções modernas de família já se incluem de algum modo certas amizades. A amizade supera também as diferenças, bem como honrarias públicas. Vemos que muitas vezes há portas abertas para quem cultiva boas amizades. E como ele disse, o amigo certo se vê nos dias incertos. Por certo, quando se está doente, sem dinheiro ou desgraçado da vida que você pode contar com verdadeiros amigos. E no mais Cícero é ainda pouco discutido em cursos de Direito, o que é triste e um prejuízo a esses cursos, uma vez que a moral latina ensinada por esse grande mestre, e um mestre advogado, nos leva a refletir e aplica a ética. Essa prática de vida, seja aceitando algum destino, seja pela imperturbabilidade, nos leva a um grande progresso. Não é a toa que esse grande homem possuía tantos amigos, e tanta popularidade em seu tempo. Apesar de ser mais divulgador de filosofia que filósofo, é ainda superior a muitos que se dizem filósofos. Morreu aos 43 anos, em decorrência de ser pego em tocaia por homens de Marco Antônio, assim degolado e sua cabeça colocada em exposição. Um homem que acreditava na providência e na imortalidade da alma. E assim o temos, eterno e incomparável.