Mariano Soltys
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AVERROES (1126-1199)



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Abu al-Walid Mohamed Ibn Almed Ibn Rush nasceu em 1126 em Córdoba, Espanha, sendo médico, juiz e tendo cultura enciclopédica, conhecido por ser também neto de juiz. Desse modo, forma-se em poesia e direito muçulmano. Ele também reuniu o que encontrou sobre os gregos. Seu avô, além de ser juiz famoso, era também escritor e elaborou obra jurídica. Na sua infância lia livros de Avempace e sentia estima por Al Farabi. Também conhece o filósofo e médico Ibn Tufail. Justamente por Tufail que achava os textos de Aristóteles difíceis de compreender, sugeriu que Averroes comentasse ele para que se tornasse acessível. Desta forma, Averroes tornou-se o conhecido e famoso comentador de Aristóteles. Talvez alguém religioso pense que isso se tornaria heresia e algo contrário a religião ou ao Alcorão, mas em verdade se via que esses estudos completavam o Alcorão, o que já era feito por muitos antes, inclusive pelo avô de Averroes. Ernest Renan o vê como um racionalista que combate a superstição religiosa. Mas ele retira do aristotelismo o neoplatonismo acrescentado por Avicena e Al-Farabi. Isso talvez signifique que ele via a filosofia separada da religião, o que talvez não ocorresse com a influência de neoplatonismo, mais próximo de visão religiosa. Também ele defendia a filosofia, observando que era um conhecimento que completa o Alcorão ou a visão religiosa. Daí foi ainda acusado de heresia e teve proteção de sua vida feita por príncipe. Em 1197 caiu em desgraça frente ao malikitas, sendo ainda banido para Lucena e havendo edito para queimar seus livros e proibir a leitura dos mesmos. Isso revela uma informação triste, que alguns religiosos fanáticos, como no nazismo, queimam livros como prática usual. Sua defesa dos filósofos se deu contra Al Gazali. Mas Averroes queria dar acesso a mais elevada forma de saber – o saber demonstrativo. Isso através de retórica e dialética. Por sinal, ele sendo médico, acaba até por mesclar com a lógica. Mas as pessoas viam a filosofia como um caminho ao ateísmo. Fato é que graças a árabes que temos muitas ciências e conhecimentos, e em especial a tradução e acesso dos gregos. Isso se deu com grande fama na Idade Média, sendo lembrado e usado por pensadores e teólogos, em especial por Tomás de Aquino, que também era um comentarista e admirador de Aristóteles. Por sinal, Tomás de Aquino usa muito Averroes, e isso talvez não seja levado em conta com importância, mas foi uma realidade em sua filosofia. Chega mesmo a copiar e usar muito Averroes. Mas diferente de Tomás, Averroes defende um único Intelecto Agente, como se fosse uma alma maior, em comum. Também defende a dupla verdade, o que não depois aceito por Aquinate, onde o que é verdadeiro em filosofia, poderia ser falso em teologia. Também Averroes defende a eternidade do mundo e que todas as coisas procedem de Deus por emanação. Isso nos leva a pensar na cabala e em ciclos, que dariam apenas a ilusão de um início de universo. Na cabala essa emanação seria feita por ordens de anjos, ou inteligência espirituais. Isso não é bem visto pelos escolásticos e assim parece indicar algum conhecimento esotérico do filósofo árabe, o que o distanciava de Tomás, apesar do escolástico aprender muito com o árabe, e até o copiar em certos aspectos, quando aprende com Aristóteles. De interesse que Averroes considera a religião como uma filosofia simbólica para o vulgo. Isso lembra o que depois falaria Nietzsche, que o cristianismo era um platonismo para o povo. Somando a isso, de positivo é que Proclo disse que os filósofos encontrariam a salvação. Fato é que o pensador árabe defende certo materialismo, e ainda panteísmo. Parece um pouco com a substância que depois defende Spinoza. Em 1168 falece seu pai. Em 1198 o édito é anulado e Al Mansur convoca para que Averroes volte. Em 1199 ocorre assim o funeral de Averroes em Córdoba, com presença de místico Ibn al-Arabi.

 
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 17/12/2015
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