Mariano Soltys
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MEISTER ECKHART (1260-1327)

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João Eckhart nasceu em 1260, na Turingia, mais especificamente em Hochheim, próximo a Gota, centro oeste da Alemanha. Seus estudos se fizeram em convento dos Dominicanos, em Erfurt, também em Colônia e Estrasburgo. E em 1277, com 17 anos, em Paris teria ainda estudado artes, que na época incluía lógica, retórica, astrologia e outros saberes. Torna-se assim mestre em teologia em 1302 e leciona em Paris, com doutorado concedido por Bonifácio VIII. Torna-se vigário na Boêmia e provincial na Alemanha. Entre 1311 e 14 habita novamente em Paris. João Paulo II citava sua obra, e Ratzinger disse que ele devia ser um ortodoxo, e que reconhece os erros em sua obra. Teve assim 28 de suas teses questionadas, suspeitas de heresia. Parece que o problema não era tão teológico, mas mais político, uma vez que suas teses apoiavam o imperador Luis da Baviera, contra um grupo que apoiava a bula da Igreja. Em resumo as teses de Eckhart pareciam de secularização, de modo que se referiam ao poder político estar com o Estado e a Igreja pagar impostos, o que posteriormente a Revolução francesa vimos ocorrer, até dias atuais. Mas ele funda assim um grupo de leigos e defende essas teses. O ponto mais marcante dele é que foi um cristão místico. E a grande polêmica ficou pela suposta autoria de obra Teologia Germânica, que tanto influenciou o protestantismo e a Reforma. Mas ele fica assim por fim em Colônia.Fato foi que ele possuía muitos desafetos, como Bento XII, Gonzalo, Fournier e outros. Assim em primeiro momento não punido, mas em segundo condenado pela Inquisição, mesmo assim manteve defensores de sua doutrina, como Suso e Tauler, outros místicos alemãs, que teriam os “Amigos de Deus”. Dizem que pertencia a nobreza, mas esse fato é questionado por alguns. Era também predicador em conventos femininos, em Colônia. Supõe-se que teria tido ainda contato com Alberto Magno, quando de primeiros anos em Colônia. Ele supervisionava 47 conventos e tantos outros monastérios, em um tempo em que se geralmente andava a pé, o que mostrava a dificuldade da tarefa. Tinha lugar de destaque na Ordem e ainda em Paris, uma vez que era comparável a um Tomás por lá, em razão das honrarias adquiridas. As teses retiradas de suas obras no processo de inquisição foram frases soltas em meio ao testo, o que retirava do contexto e poderia desvirtuar a interpretação. Influenciou outros místicos, como Tereza de Ávila, São João da Cruz, e ainda filósofos, como Nicolau de Cusa e mesmo Hegel. Sobre Hegel, ele considera o precursor de sua dialética, como lembra Jaiassú. Ainda influencias monjas místicas de convento de Unterlinden. Parece que o seu julgamento foi mais uma vingança de Arcebispo Henrich, que o acusava mesmo após sua morte. E a vida de Eckhart foi de retidão na fé e de seu comportamento quanto a moralidade, a qual sempre preservava. Disse que poderia ter errado, mas mais de forma involuntária, e não em doutrinas contrárias a fé. Dezessete de suas teses foram consideradas heréticas. Defendeu a unidade entre Deus e o Homem, entre o sobrenatural e o natural. Também fala de alma, esse e ser. As doutrinas místicas de seu tempo iam para o panteísmo, agregando para isso neoplatonismo e mesmo coisas de Escoto Erígena. Mas parece que em muito se baseia em Tomás. Sua noção de alma leva a se pensar que ela é o próprio Deus. Mas isso na mística é algo compatível. E o existir há em tudo o que existe. Mas por outro lado chega a conclusão que Deus não existe, porque seria uma imperfeição ao Absoluto. Também que nós somos a causa de que Deus seja Deus. Ele ensinava elevadas teorias para as pessoas iletradas, o que antes era feito entre doutos, e em latim, não alemão. Antecipa nisso muito a Lutero. E fala da imitação não em sentido exterior, mas sim espiritualmente. Diz que quando a alma se libertar do tempo e do espaço, O Pai envia seu Filho a alma. E Deus é Uno e o Todo. Isso mostra bem a mística de união com Deus. Talvez isso tudo incomodasse os poderosos, que pensavam mais em hierarquia exterior e numa Igreja de poder. Por fim, foi a Avignon acompanhar o julgamento, mas morre antes desse, em 1327.
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 26/12/2015
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