MAIMÔNIDES (1135-1204)
Rabi Moshe ben Maimon foi um médico e filósofo hispano judeu, chamado também de Rambam ou Maimon, nasceu em Córdoba, Espanha, em 1135, sendo um dos mais destacados sábios de Israel de todos os tempos. Já aos treze anos, teve de acompanhar seus pais haja vista estes terem negado a fé muçulmana, de modo que tiveram de peregrinar por uma década por terras espanholas, até chegarem a Fez, onde permanecem por sete anos. Maimon assim estuda medicina e sua família é sustentada pelo irmão, que é comerciante. Seu pai lhe ensina nos estudos tradicionais judaicos, sendo também juiz. Passa por países da África. Ainda em Fez escreveu algumas de suas obras. Somente após o falecimento de seu irmão em trágico acidente, naufrágio, começa a exercer a medicina, pois este ainda estava com as joias da família, ou toda a sua fortuna, assim perdida. Após um período em Palestina, em torno de dois anos, fixam-se finalmente no Cairo, Egito, onde Maimônides chega a ser médico na corte do sultão Saladino até que falecesse. Suas principais obras são Perush LaMishná, um comentário a Mishna; Moré Nevuhin, mais conhecida como Guia dos Perplexos, a mais filosófica sua, e Mishné Torá, seu código legal. No Guia dos Perplexos, e mesmo em sua obra sobre o Torá, que para nós seria os 5 livros do Antigo Testamento, ele sistematiza as regras de modo faz uma descrição dos 613 mandamentos. Também a obra com seu teor filosófico fala de aristotelismo, neoplatonismo e cultura árabe, sendo inclusive acusada de heresia por alguns setores judaicos. Talvez por sua formação em uma cidade que havia um clima de de livre pensamento. Disse que bens que os homens consideram podem ser maus, uma vez que podem deformar o corpo e a alma. Considerava o pior pecado a concupiscência. Disse: “Nenhuma proibição da Torá é mais difícil de cumprir do que as uniões proibidas e as relações sexuais ilícitas”. Tinha já muitos discípulos , e as pessoas consultavam a sua sabedoria. Tornou-se tão famoso que chegou a recusar a proposta de Richard I, para se tornar médico na corte da Inglaterra. Também exercia as atividades de juiz e administrador. Mas na parte final de sua vida foi feliz, quando se casou e teve um filho, Abraão. Nesse período ele escreveu sem parar, ficando comparado ao profeta Moisés. E na verdade na obra do Guia dos Perplexos ele tenta conciliar a sabedoria aristotélica a judaica, buscando harmonizar fé a razão. Por isso é usado pelos pensadores cristãos medievais, sendo a sua obra lida por Alberto Magno, Tomás e outros da escolástica. Tem um caráter obscuro e iniciático. E um detalhe importante é que como boa parte do pensamento judaico, o que o influencia não é apenas a Escritura Sagrada na sua parte escrita, mas principalmente na parte de tradição oral, do Talmud e Mishna. Tinha uma visão mística sobre Deus, apesar de usar da prova de Aristóteles, e preferia dizer coisas que Deus não é, no sentido de Deus não é injusto e assim por diante. Talvez por declarar a concupiscência como pior pecado, talvez devesse ter a consciência de aspectos cabalísticos e mesmo gnósticos mesclados aos religiosos, como a noção e mito de Lilith, uma espécie de anjo ou demônio do aborto e crimes sexuais, que teria tentado Adão no paraíso, e feito ele cometer adultério. E não se pode conhecer pela razão antes da Criação. E o mundo não eterno, pois Deus poderia ter o criado ainda diferente. Dos seus 13 princípios da fé hebraica talvez os 4 primeiros sejam essenciais: 1 - Deus Existe; 2 - Deus é único; 3 - Deus é espiritual e incorpóreo; 4 - Deus é eterno. Os demais parecem refletir mais um aspecto racial e reservado. Mas em muito se deve ao faraó Akhenaton, ou Amenóphis IV, que teria criado o monoteísmo, e as 42 leis de Ma'at egípcia, uma vez Moisés egípcio. Uns dizem que o próprio Moisés era o Akhenaton. Faleceu em 1204 no Cairo e foi sepultado em Tiberíades, Israel. A fama lhe ficou: "De Moshê (o Legislador) até Moshê (ben Maimon), não há outro como Moshê".