João Duns Scot nasceu na Escócia em 1266, em Maxton, no condado de Roxburg, podendo ser chamado de Scot, Scoto e Scotus, tendo uma história um tanto lendária. Por volta dos treze anos ingressa no convento dos Franciscanos, sendo ordenado presbítero em 1291. Também estuda teologia na Inglaterra, em Nouthampton. Depois teve de se exilar em 1303 para Paris, por disputas de Felipe, O Belo, em período que o rei começou a cobrar impostos da Igreja. Lá foi conhecido como Doctos Subtilis, o doutro sutil. Diferencia-se na escolástica por valorar o indivíduo, a ecceidade, de modo um pouco diverso de doutrinas aristotélicas e platônicas dominantes. Foi depois mestre de Guilherme de Ockham. Também foi beatificado no pontificado de João Paulo II. Durante o renascimento faziam chacota de seu nome, chamando o de Dunce, que significa bobo ou idiota. Para ele as verdades da fé não podem ser compreendidas pela razão. Assim ensina teologia em Oxford e faz doutorado na França. Era por sinal um severo crítico de Tomás de Aquino. Valoriza ademais o valor da experiência. Diz que a metafísica pode apenas conhecer o ser, e não Deus. Faz assim uma separação entre a razão e a fé. Ele deu um novo formato ao pensamento de Anselmo, de modo a permitir a prova de Deus a posteriori. Juan Duns Scoto disse que os que praticavam a usura seriam fervidos em ouro fundido. Deus em sua liberdade não depende do ser, mas é o ser que depende de Deus. Em muito prenuncia o nominalismo de Ockham. O papa Paulo Sexto disse que ele foi um aperfeiçoador de São Boaventura e também da doutrina franciscana. Ademais, “Bento XVI, em sua famosa aula de Regensburg apontou Duns Scoto como a fonte originária de todo o mal na Filosofia, após São Tomás”1. Ele segue em grande parte severamente o procedimento demonstrativo, na tradição de Roger Bacon, por exemplo. E em muito coloca uma grande força na contingência com relação a Deus. Ele separa as coisas de conceitos ontológicos, separa Deus do ser. “Foram esses posicionamentos de Duns Scoto que vão causar os erros de Guilherme de Ockham e de Mestre Echkart, assim como os erros do escolasticismo decadente do seculo XV (Jean de Méricourt e Nicolau d’Autrecourt) fontes da duvida metódica do Cartesianismo e de toda a dúvida moderna”2. E ele vai meio de encontro ao direito natural, dizendo que este reflete mais instâncias pagãs, do que cristãs. Nesse ponto parece refletir inúmeros equívocos, como certas crenças que condenam a sexualidade, quando em se pensando nos 613 mandamentos judaicos, a reprodução é um mandamento. E essa separação da filosofia gera um grande prejuízo ao pensamento, uma vez que sem a ciência e sem a filosofia muita coisa da fé fica mais em superstição e especulação, possível de toda a manipulação e de muitas ilusões. E disse que Deus poderia ter feito outras leia, no que se refere ao natural. Talvez com um pouco de rezão os renascentistas o chamassem de “bobo”. Mas de Scotus que nasceu grande parte do niilismo do século XX e XXI. Apesar de se confundir com outros, como Eckhart, que já era um místico, o escocês e o pensador da navalha parecem ter contribuído para esse niilismo. Uma boa lição dele é a que se refer a conhecer para amar a liberdade. E de negativo é a noção superficial e fraca que tem da razão, dizendo que esta não pode provar Deus. E também coloca grande força na revelação, o que acaba restringindo o acesso a iluminação das pessoas. De bom que valoriza o individual, e nisso o escocês acerta. Também na liberdade e o que surge depois, com o racionalismo, inspirado também de algum modo por sua obra, a favor ou contra. E a fenomenologia deve também a Scotus. Nele que estão contidas as principais teses da filosofia moderna, tendo um papel tão relevante quanto de Descartes. Falece em 1308, por causa de uma peste que foi acometido.