MÁXIMO CONFESSOR (580-662)
Maximus Confessor, também chamado de Teólogo ou de Constantinopla, nasceu em 580, em Constantinopla ou Palestina, tendo origem nobre, segundo alguns, tendo uma educação civil e religiosa esmerada e ainda sendo secretário e conselheiro imperial de Heráclio, depois largando a função pública para ser um monge e teólogo cristão. Sofreu grande influência do pensamento de Orígenes e Pseudo-Dionísio, o Areopagita, bem como dos dois Gregórios, de Nissa e Nanzianzo. Também influenciado por Leôncio e Anastásio. Assim preservou e interpretou a filosofia neoplatônica anterior, incluindo ainda o pensamento de figuras como Plotino e Proclo. Sua doutrina defende a humanidade de Cristo, a soteriologia, a apocatástase, e por fim que todos serão salvos e se união a Deus, haja vista a redenção feita por Cristo. Isso em muito reflete o platonismo, numa espécie de exitus-reditus, entrada-retorno, pois a humanidade é feita a imagem e semelhança de Deus. Deus assim já teria unido a humanidade através da encarnação de Jesus. Coloca assim duas atividades e energias em Jesus, a divina e a humana. Foi chamado confessor porque foi uma testemunha da verdadeira fé em Cristo, pagando caro por isso, tendo sua língua cortada,e sua mão direita amputada. Além disso, foi mandado para o exílio. Isso quando ele contava já com 80 anos, por conflito com o imperador e outros que diziam que Jesus tinha uma única vontade. Sua doutrina tem muita importância na igreja oriental. E Cristo como um avatar, foi bem visto por Confessor como tendo também a natureza humana, uma vez que estava por aqui encarnado. Assim ele lutou até sofrer muito com essa heresia chamada de monofisismo. Isso porque se devia dar importância aos sofrimentos da vida humana de Cristo, como o que teve na paixão. Estranha um seguidor ou pelo menos influenciado por místico Dionísio-Areopagita tenha defendido uma doutrina tão materialista. Pensar que Cristo era em todo divino apenas refletia a concepção de uma dimensão mítica de Cristo. Também mística. E o mesmo se pode dizer da importância que ele dá a Maria e a sua união com Jesus e Deus. Usa assim uma morda para colocar a humanidade em Cristo, do seu sofrimento como homem, e outra moeda para quase divinizar a Virgem Maria. Toda essa dimensão de retorno até Deus já era tema de filosofias místicas muito antes, e nem se pode dizer que é de origem cristã. Mais uma vez como Nietzsche teria dito, era um platonismo para o povo, ou um neoplatonismo. E mais uma vez em se pensando em cabala, em teosofia e outras doutrinas, mesmo na gnose, não se é difícil identificar aqui e acolá alguma semelhança. Parece que o modo de salvar a toda a humanidade é um pouco impessoal, mas reflete bem a missão de avatares como Jesus, que estariam sujeitos a evolução de seus irmãos menos evoluídos, mostrando sempre a unidade com o Todo e vivenciando aspectos astronômicos e simbólicos em suas vidas, carregadas de eventos extraordinários, não sobrenaturais, mas de acordo com a lei Cósmica. A humanidade tem assim seu salvador em Jesus, não apenas sendo divino, mas também humano, carregando em si as duas naturezas. Sobre isso também Saint Martin falaria no homem-Deus, e na questão da queda e toda a sua implicação. Isso tudo leva a um misticismo que ainda se projeta não apenas no campo religioso, mas também no iniciático, como no Martinismo. Disse: “Pode-se encontrar cinco motivos pelos quais Deus permite que os demônios nos ataquem: Primeiro, para que, através desses ataques e contra-ataques, nos tornemos hábeis em distinguir o que é bom do que é mau; Segundo, de modo que nossa virtude se mantenha no calor da luta, e assim seja confirmada numa posição inexpugnável; Terceiro, de modo que, à medida que avançamos em virtude, sejamos curados da presunção, aprendendo a humildade; Quarto, de modo a inspirar-nos um repúdio completo ao mal, em seguida à experiência que temos dele; Quinto, e acima de tudo, de modo que conservemos nossa liberdade interior e nos tornemos convictos tanto das nossas fraquezas como da força daquele que veio em nosso auxílio". O santo monge, mutilado, foi exilado em Cólquida, Mar Negro, onde morreu, esgotado pelos martírios, com 82 anos, em 13 de agosto de 662.