JOÃO CRISÓSTOMO (347-407)
São João Crisóstomo nasceu em Antióquia, em 347, de pais greco-sírios, vivendo em meio a sociedade, sem deixar se influenciar. Sua família era abastada em bens e seu pai era um oficial de alta patente, militar, o qual acabou falecendo ainda na flor de sua idade. Sua mãe, Antusa, acabou o educando e se sacrificando pela criação do filho, não contraindo novas núpcias. Uns dizem que a mãe era pagã, outra que cristã. Mais certo que teria se convertido, haja vista a missão do filho. Crisóstomo foi batizado quando possuía em torno de dezoito anos. Mesmo tarde, isso apenas revelaria a grande importância dele, que seria um dos três hierarcas venerados pela Igreja ortodoxa oriental. Teve assim estudos de cultura geral, entre retórica e filosofia, renunciava assim a uma carreira brilhante e promissora, de modo que se retira fora da cidade de Antioquia, a fim de viver uma ascese e estudo bíblico. Pois Antióquia era centro de estudos teológicos de grande reputação. Lá ele aprende a exegese bíblica e depois chega a elaborar uma linha que seria depois inspiradora e influente no pensamento da reforma protestante. Por conta de sua mãe, ele era influente na cidade. Estudou com mestre Libânio. Estudou teologia com Diodoro de Tarso, fundador da escola de Antióquia. Após viver tempos nas montanhas, como eremita, ou entre monges e uma vida de renúncia, a ponto de chegar a prejudicar a sua saúde, acabou abraçando uma ação missionária. Passou nesse tempo dois anos em pé, estudando e decorando a Bíblia. Por isso teve problemas no estômago e nos rins. Retornando a Antioquia, foi assim nomeado diácono pelo Bispo Melécio, em 381. Seu nome, Crisóstomo, significa boca de outro, uma vez que é por alguns considerado o maior orador de todos os tempos. Por um período de 12 anos ganhou assim grande popularidade devido a sua eloquência e Igreja Dourada, em especial pelos seus ensinos bíblicos. Sua obra mais valiosa dessa época é Homilias, versando sempre sobre a caridade e o cuidado com os pobres. Assim fazia analogia com o corpo de Cristo. Nos ensinamentos de Jesus sobre os pequeninos e assim por diante. Disse: “Que importa se a mesa eucarística está lotada de cálices de ouro quando seu irmão está morrendo de fome? Comeces satisfazendo a fome dele e, depois, com o que sobrar, poderás adornar também o altar”. Isso vale ainda para a Igreja atual, com suas preocupações luxuosas, o que está ainda sendo quebrado por Papa Francisco. Mas Crisóstomo é muito prático e social, chegando a fundar hospitais em Antióquia para cuidar dos pobres adoecidos. Sobre a forma de exegese ou interpretação da bíblia de João é a literal e histórica, diferente da utilizada alexandrina, que era alegórica. Assim surge em grande parte a teologia evangélica e luterana, em sua semente. Isso foi uma grande perda, uma vez que restringe os níveis de interpretação, já usados por judeus e mesmo pelo próprio Cristo, em suas parábolas. Fica um pouco dificultosos interpretar um homem engolido por peixe gigante, como Jonas, ou um Sol que para no céu, em Josué, ou Leviatã e tantos outros mitos ali narrados. O estilo da Bíblia em muitas partes era considerado pelos antigos como semelhante a um Homero, e assim sendo necessário o uso da alegoria. Assim se perde o mistério e o aspecto esotérico das Escrituras, em grande parte, pelo uso dessa exegese histórica e literal. Mas Crisóstomo tinha um modus vivendi singular, de humildade, de modo a evitar jantares luxuosos e festas. Em muito lembra o Papa Francismo. Ordenou também que sacerdotes deixassem os prazeres da corte para retornarem as suas igrejas. A esposa do imperador, Élia Eudóxia, era sua inimiga, pelo fato dele criticar as roupas impróprias das mulheres. Assim tinha um enfoque um tanto moralista. Mas ela se arrepende depois, com medo de punição divina. Antes igrejas obrigavam saia e véu as mulheres, e mesmo que não se cortasse o cabelo. Isso parece ter se refletido mais entre os crentes. Mas teve depois de se exilar, não perdendo sua grande influência, ensinando por cartas. Combatia em grande parte o que entendia por paganismo. Morreu em 407 na cidade de Comana, já sendo venerado como santo. Sua caveira é venerada como relíquia em algumas igrejas.