RENÉ DESCARTES (1596-1650)
René Descartes, filho de Joachim Descartes, conselheiro do parlamento de Bretanha, em 31 de Março de 1596, que de Jeanne Brochard, que faleceu quando ele possuía um ano de idade. Ele assim nasceu em Touraine, na França, em um local chamado la Haye, que depois acabou ganhando seu patronímico, passando a se chamar La Haye Descartes, estando perto de Tours. Sobre seus estudos, ele estudou em colégio jesuíta, chamado La Flèche. Já em estudos religiosos, chegou a ler livros de ocultismo, permitidos por seu superior na instituição, como de Abade Tritemius. Cursa também Direito em Poitiers, e também chega a cursar Medicina, mas desiste do curso. Depois se afastou da vida acadêmica para se dedicar a vida militar, chegando a praticar a esgrima com amigos, e viajando em campanhas. Alista-se no exército de Maurício de Nassau, na Holanda, chegando a participar da Batalha da Montanha Branca, no cerco de Praga, bem como outras. Sobre sua vida amorosa, ele teve uma filha ilegítima. Fato é que levava uma vida até tranquila, com certa mordomia, e assim pode se dedicar a estudos. Conhece um matemático e assim segue a influência, fundando um pensamento filosófico moderno ou racionalista. Desse modo, ele é conhecido na matemática pelo eixo cartesiano, e na filosofia pela sua sentença, “penso: logo existo”. Acaba assim ficando na Holanda, em uma cidade pacata portuária, de modo que assim pode começar a sua reflexão. De início não escreve, ou quando escreve, esconde ou some com obras, como o seu Sistema do Mundo, após ver o que aconteceu com Galileu. Em seu tempo havia ainda as fogueiras da Inquisição, e assim temeroso ele chegou a assistir algumas condenações públicas, que lhe fizeram pensar antes de escrever e publicar obras. Essa obra que ele destruiu, era sobre um tratado de mecânica celeste, já com sistema de Copérnico, heliocêntrico. Pelo latim ele adota nome Renatus Cartesius, e por isso seu pensamento é nomeado de cartesiano. Mas Descartes não estava errado com relação a Inquisição, pois dezessete anos após a sua morte, suas obras foram colocadas no Index, ou lista de obras proibidas. Mas descartes é conhecido como pai da filosofia moderna, ou mesmo da matemática moderna, unindo álgebra e a geometria. Disse Pizzinga: “Ora, um homem livre como Descartes, que baseava suas especulações filosóficas em verdades racionais, claras, cristalinas e livres, não poderia agradar a quem queria meter na goela dos outros o céu, o inferno, o purgatório, o limbo, os pecados mortais e veniais, a excomungação, as indulgências parciais e plenárias, enfim, todo um sistema arbitrário e atrabiliário que tinha como ponto de referência a Terra, o autoritarismo eclesiástico e, principalmente, os argumentos ad ignorantiam (adequado à ignorância da pessoa com quem se discute), ad hominem (que apela para os sentimentos e não para a razão) e baculino (que despreza a razão e emprega a força)”1. Talvez por isso seu pensamento não chega a questionar ou retirar Deus. Contudo, fato que sendo parte do exército de Maurício de Nassau, quase chega assim a ir para o Brasil. Seria um fato extraordinário termos na história de nosso país esse personagem marcante na humanidade. Fato é que apesar de racionalista e matemático, ele chega a ingressar numa ordem mística, chamada de Rosacruz. Assim Descartes foi exteriormente católico, mas esotericamente Rosacruz. Sua concepção de alma, bem como certas reflexões levam a identificar essa marca. Assim se pode citar: “O espírito é por nós mais distintamente conhecido do que qualquer outra coisa; nada, pois, é mais fácil de conhecer do que o nosso espírito”. Disso disse Pizzinga: “Descartes fez esta afirmação (fora dos limites cabíveis porque foi generalizada) simplesmente porque era um Iniciado. Só a Iniciação vai abrindo as portas que velam a Compreensão. A Teologia e a Filosofia ajudam, mas não Libertam. A fé amortece, mas não esclarece”2. E sendo um iniciado, havia ainda uma base da qual ele não poderia revelar os conhecimentos. Talvez os conhecimentos matemáticos do oriente tenham a ver com essa busca mística, uma vez que essa escola mística sempre teve um viés questionador e sem problemas com “heresias” e conhecimentos diversificados. Seu pensamento não está tão distante do seu frater, Francis Bacon, e assim vemos uma superação e um antigo paradigma, para dar lugar a uma visão mais racional e científica de mundo. A visão dele na obra Paixões da Alma mostra bem esse mecanicismo e olhar para a realidade, comparando o corpo a mecanismos. Depois segue conselho de Rainha da Suécia, indo a Estocolmo, onde vem a falecer. Já na Revolução Francesa , seus restos mortais foram exumados e trasladados para o Panthéon, para ficar junto de outros grandes pensadores franceses.
1PIZZINGA, Rodolfo Domenico.
A metafísica cartesiana.