Filippo Bruno nasceu em Nola, no reino de Nápoles, no ano de 1548, cujo pai era João Bruno, militar, e a mãe Flaulissa Salvolino. Ele adotou o nome Giordano quando ingressou na Ordem Dominicana. Estuda assim em seminário Aristóteles, Tomás e a escolástica, parecendo não concordar com essa. Assim ordenado padre e se torna doutor em teologia. Influenciado pelo pensamento de Nicolau de Cusa, outrossim. Começa assim pelos estudos a desafiar a fé e não aceitar temas religiosos como virgindade de Maria, transubstanciação, Trindade, eucaristia, missa, divindade de Jesus. Também parece defender a metempsicose e o mais polêmico: a pluralidade de mundos habitados. Sentindo-se perseguido, foge para a Itália, depois Genebra, Suíça, França, lecionando em Toulouse e depois estudando filosofia ainda em Paris. Escreveu uma arte da memória a rei Henrique III, mas depois foi criticada por pensar de forma muito estranha os fatos relacionados a Noé. Também escreve contra Aristóteles, o que não é bem recebido. O universo também tem uma concepção de infinitude. O homem se diviniza, assim não mais dependendo de Igreja e de conceitos até então cercados pelo dogma. De forma semelhante a Copérnico, defende o Sol como centro do universo. Tudo isso culmina em sua condenação pela Igreja Católica. Mas detalhe que ele foi excomungado por pastor protestante, ainda antes desse fato. Assim a Terra gira com seus habitantes em um espaço infinito. As esferas são inumeráveis. O Ser Universal é quem chamamos Deus. A morte pode acabar com o corpo, mas não pode tocar na vida. Essa vida universal é quem chamamos Deus. A desonra é pior do que a morte. A morte só destrói os corpos. Assim surge uma nova base moral para o cristianismo: a imanência de Deus, a vida universal animando todos os corpos e a eternidade da alma. Bruno foi um fecundo autor que escreveu em latim e italiano. Esse foi também um grande pecado frente a Igreja, tratar de temas filosóficos em língua popular, e não em latim. Frances Yates fala que bruno segue uma tradição hermética, e assim vê o mundo (universo) em três divisões. Semelhante a outros, como Pico della Miràndola, Agrippa, Ficino etc. Disse que quem teme a morte são os néscios, pois o corpo muda todos os dias. Hoje sabemos que as células morrem e que a cada 7 anos o corpo muda todo. Enquanto a Igreja falava que o homem era mau e decaído, Bruno dizia que o homem era divino e devia se elevar até o Divino, ao Deus que mora perpetuamente no coração. E nessa última revelação ele teve uma opinião tipicamente Rosacruz, e Bruno era um representante dessa ordem, segundo seus integrantes. Mas era no ciclo que a ordem estava em hibernação, ou trabalhando de forma secreta. A sua opinião mística e universalista, que desafiou os dogmas, acabou tida como um crime gravíssimo. Já nas obras dele o mesmo negava os conceitos defendidos pela teologia vigente, e assim não foi apenas em julgamento que divergia de escolástica e teologia. Um escrito interessante de Bruno é a “Expulsão da besta triunfante”. Nesse escrito ele traça um tratado de virtudes e vícios, mas em íntima relação com as constelações e planetas. Isso mostra uma visão hermética e mágica das coisas, e uma inter-relação entre a natureza e o homem, entre micro e macrocosmo. Usando de diálogos de deuses, que são relacionados a planetas, mostra uma elevada astronomia, ou astrologia. Também tem um escrito específico sobre a magia. Como disse Annie Besant: “La filosofía de Bruno se da la mano, en suma, con la doctrina de la Vendanta, para que la que el Universo no es más que un pensamiento de Dios, y todas las cosas fuera de la realidad, es decir, de Dios, son pasajeras”1. A primeira hipóstase então é o pensamento. Isso comunga com o mundo das ideias de Platão, e a noção de um Demiurgo. Era assim pampsiquista e hilozoísta. Assim panteísta. Deus é tudo e tudo é Deus. E como mostrou Besant, isso tem sintonia com doutrinas hindus também. Como já tratamos, de Índia passou a Egito e depois a Grécia, esse conhecimento oculto e mágico. Sobre a vida extraterrestre, ele é muitas vezes citado por ufólogos, por acreditar nessa possibilidade. Mas no dia 8 de fevereiro de 1600 foi condenado a fogueira, no Campo di Fiori, e antes falou que seu executores tinham mais medo de dar a sentença que ele de a sofrer, e assim teve a voz calada por um objeto de madeira colocado em sua boca.