Mariano Soltys
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ROBERTO ARDIGÒ (1828-1920)
 
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Roberto Ardigò nasceu em Casteldidone, na província de Cremona, Itália, em 28 de janeiro de 1828, filho de Fernando Ardigò a Angela Tabagio. Sua mãe era profundamente religiosa, e seu pai por dificuldade econômica, vai trabalhar em Mantova. Lá em Mantova Roberto vai estudar na escola pública elementar e ginásio, e em 1845 se inscreve ao liceu do seminário Vescovile, e primeiro ano de Teologia no seminário de Milano. Sua saúde sofre alguns reveses já nessa fase, e sofreu com malária, um distúrbio gastrointestinal e ainda um distúrbio nervoso, espécie de depressão. Foi padre e ainda cônego da catedral de Mântua. Mas começa a entender que a causa de seu problema é essa vida, e assim abandona o hábito. Quando lê um filósofo renascentista, Pomponazzi, e mesmo vendo as ideias evolucionistas de Darwin, se afasta da batina. Em 1881 foi nomeado professor da Universidade de Pádua. Uma crise existencial o fez deixar de ser padre aos 40. Parece que não conseguiu conciliar a religião com o positivismo. Mas assim se torna grande expoente do positivismo italiano. Também alguma influência tem de Comte, e faz uma classificação de três momentos importantes da história moderna: Renascimento, Reforma e Revolução Francesa. Gentile porém disse que ele não foi nem padre, e nem filósofo. Para ele o pensamento moderno é um renascimento amadurecido. Roberto era liberal, criticando o marxismo, por não ver o fator econômico como o único que determina a sociedade. Também era contra o idealismo e ainda contra a filosofia bergsoniana. Na verdade ele tem um naturalismo. Mas usa do método científico, falando de experimentação, observação, generalização. Uma ciência como um quadro sinótico. Na ética falou que a sociedade é a teoria da formação natural da ideia de justiça. Mas contrapõe a justiça e o direito natural. O fato é o centro de seu pensamento, um fato inegável, divino, o fato é certo e irrevogável. Já as ideias e teorias são provisórios. O problema é que assim a ciência fica sem crítica. Suas obras são “Discurso sobre Pomponazzi”, “A psicologia como ciência positiva”, “A formação natural do fato do sistema solar”, “A ciência da educação”, “O fato psicológico da percepção”, “A moral positivista”, dentre outras. No que se refere a psicologia, ele era contrário a psicologia espiritualista, achando que se deve usar de instrumentos e estatística. Na onda do evolucionismo, escreveu uma algo sobre Spencer, mas tinha divergências com esse autor, não o aceitando de todo. Disse que for a da natureza não há nada. Não vê o sobrenatural, ou algo que seja incognoscível, apenas desconhecido. Toda a realidade é natureza. Aceita mais uma espécie de unidade renascentista, na linha de Pomponazzi. Realidade é natureza e está sujeita a lei da evolução. O resultado dos seres seria assim simples algo mecânico. Mas há for a disso produtos casuais, e o pensamento seria um. Mesmo o pensamento se origina por continuidade de acidentalidades infinitas. Também a vontade humana não seria mais livre que qualquer outro acontecimento natural. Ademais, a moral surgiria de acontecimentos e convívio, apenas. Mas Ardigò era antimaçom. Lembra de um texto seu, Gramsci1: “"Ontem, porque supunham fazer-me passar por um dos seus, o que jamais fui (e eles sabem ou devem sabê-lo), proclamaram-me, com louvações que me davam nojo, o seu mestre; e isto sem entender-me, ou entendendo-me deformadamente. Hoje, porque não me encontram disposto a prostituir-me aos seus objetivos parricidas, querem puxar a minha orelha para que escute e aprenda a lição que (muito ingenuamente) pretendem me recitar. Oh! quanta razão tenho em dizer com Horacio: Odi prolanun valgus et arceol". Mas por fim, Ardigò se suicida, em 15 de setembro de 1920.


 
1GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. p. 218.
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 29/12/2016
Alterado em 29/12/2016
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