Mariano Soltys
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PLATÃO (ARISTÓCLES)
 
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Platão nasceu por volta de 427 antes de Cristo, de uma das família mais ilustres de Atenas, que acreditava ser descendente do deus Poseidon, sendo que seu nome era Aristócles, esse em homenagem ao pai, e sua mãe tinha parentesco com Sólon. Seu pai se chamava Ariston, a mãe Perictione, possuindo três irmãos: Adimanto, Glauco e Potono. Tinha o corpo grande e costas largas, sendo depois chamado de Platão, talvez por ser assim reconhecido quando praticava a luta. Quando era bebê, dizem que abelhas colocaram mel em sua boca, de modo que isso era uma profecia da grande eloquência que surgiria desse futuro filósofo. Seu pai era escultor, e Platão tentou também por um tempo exercer ofício de pai. Também era poeta por um tempo. Quando tinha vinte anos, seu pai levou ele para estudar com Sócrates, uma vez que os rapazes estudavam a filosofia para ajudar na vida pública e política, para melhorar na oratória e eloquência. Sócrates no dia anterior a esse fato, teve um sonho com um cisne, que levantava alto voo, e anunciava assim um encontro resultante de grande acontecimento. O cisne talvez representava a pureza e integridade desse pensador, que seria seu discípulo. Enquanto Sócrates estava vivo, Platão permaneceu fiel discípulo. Depois da morte de Sócrates, Platão se ligou a Crátilo, que era seguidor de ensinos de Parmênides. A ideia central de Platão é o mundo das ideias, tão presente na sua alegoria da caverna. Para cada coisa há uma ideia perfeita, em um mundo de ideais. O mundo foi assim dividido. Ainda Platão teve uma forte ligação com os pitagóricos, sendo sua doutrina um alto ponto do pitagorismo, uma vez que dos números o mais central seria essas ideias. Ele também estudou com Euclides, quando tinha em torno de vinte e oito anos. Depois de estudar com mais mestres, como Teodoro e Filolau, foi para o Egito, para por alguns anos aprender com sacerdotes. Por lá deve ter contato com mistérios e com aquilo que sustentaria uma elevada metafísica, e também a ideia de Deus, bem como da transmigração e imortalidade da alma. Tudo isso se vê sutilmente refletido em seus diálogos. Também tinha a vontade de ir para a Índia, mas na época estava a região em guerra, sendo arriscado. Falando em risco, Platão foi preso por vezes, por tirano chamado Dênis, sendo feito escravo, de tal modo que passando por ilhas, ainda teve até sujeito a condenação de morte. Foi salvo por amigos, e retornando a Atenas, recebeu carta de Dênis, em forma de perdão, mas o respondendo que pela ocupação com a filosofia, não tinha tempo para essas coisas (no caso, o risco de denunciar o tirano). Platão teve vários discípulos, talvez os mais famosos sendo Aristóteles e Xenócrates. Também se tem Teofrasto e Demóstenes como tal. De interesse é que Platão aceitava mulheres e estrangeiros como discípulos, entre duas que se destacavam por usar roupa de homem, sendo Lastênia e Mantinéia. Cícero disse que se Júpiter quisesse falar a língua dos homens, teria falado que nem Platão. Já Panécio o chama de “Homero dos filósofos”. Platão parece ainda ter sido influenciado por Heráclito, no que se refere a física e sentidos. Fundou assim a Academia, de tal modo que ele era admirador da geometria de tal forma, que mandou gravar uma inscrição: Que ninguém entre aqui se não é versado em geometria”. Platão tem três referenciais, sendo: Deus, matéria e ideia. De Deus parece que o coloca como inteligência universal, espécie de criador que usava de uma matéria preexistente, o éter. Da matéria a entendia com certa ilusão e corrupção, o que pode depois se revelar na aversão da mesma, considerando o corpo como cárcere da alma. Esse Deus teria trabalhado uma forma bruta, um caos, e dado certa ordem, como um pedreiro que talha a pedra bruta, usando assim um conceito de pitagóricos, ou seja, o de Grande Arquiteto de Universo, depois colocado em ritos maçônicos. Ademais, parece Platão ter estreita relação a continuar uma tradição órfica, sendo que Orfeu ficou no anonimato. Como diz Fabre D'Olivet1, os frutos de Orfeu e Pitágoras eclodiram em Sócrates e Platão, que o amadureceram. Platão ainda divide os deuses em classes: superiores, médios e inferiores. Entre os médios e inferiores parece o que depois em neoplatonismo se tornou elementais, e que em uma tradição mística ainda estaria em anjos e outros seres do mundo invisível, em tarefas como proteção, revelação em sonos, ou sustentar forças de elementos da natureza etc. Todos os elementos estariam assim sujeitos a ação de semideuses. Isso depois foi utilizado por hermetismo e cabala, ou pelo menos alguma influência. Também a crença da transmigração das almas parece ter vindo de pitagorismo e orfismo, de tal modo que isso pode revelar o porquê do desprezo do corpo em satisfação da alma. Existe assim uma alma animal e outra espiritual, e ainda ela vem do céu para animar diversos corpos. Não sem razão que Platão era chamado de Divino Platão. Ele também parece ter aprendido pelos anos que estava no Egito, a ciência da magia. Diz Cornélio Agrippa2 que ele fez longas viagens marítimas a fim de aprender essa arte, passando por Síria, Egito, procurando profetas de Mênfis, a Judéia e ainda até escolas dos caldeus. Mostra assim uma relação de ligação a teologia, e mesmo a racionalidade dessas ciências antigas. Mostra de certo modo o Logos usado depois pela teologia, divino, que já estava manifestado em filósofos gregos, mesmo sob o véu da diferença religiosa. Tanto que Platão foi depois utilizado por Agostinho de Hipona, sem tamanha aversão. Há no escrito Crátilo de Platão, várias referências a uma espécie de medicina oculta, espécie de arte mágica, no uso de encantamentos ou ensalmos, sem os quais lá diz que as plantas de nada servem. Assim, antes de administração de qualquer remédio se deveria fazer o encantamento ou ensalmo. A alma era deste modo antes encantada com esses ensalmos, espécie de magia. Platão ainda chega a falar de espíritos do ar, e outras coisas que demonstram um conhecimento que vai além do ordinário ou material. Mostra assim uma fé e verdadeira religiosidade, nesse expoente da filosofia, mesmo que mesclado com lições do mestre Sócrates. Platão nunca se casou, e tinha um autodomínio incrível, sendo que alguns dizem que nunca o viam rindo. Uma exigência do mago é esse controle extremo. Fato é que se pode fundar um curso de filosofia completo apenas com Platão, não se precisando mais. Deste modo, as virtudes mágicas surgiriam nas ideias, ou no mundo das ideias. Isso vai além de um mero intelecto. Também entende que a força das coisas está em seu nome, o que vai de sintonia com a cabala. Também o que aprendeu com pitagóricos deveria estar mais a nível de segredo e esotérico. A doutrina da dividade dos números seria mais parecida com o que temos hoje por numerologia, porém de modo mais avançado e secreto. Por isso Platão dedicava um curso que não era escrito, e nem poderia ser escrito, chamado de “Sobre o Bem”, falando sobre essas realidades últimas e supremas, exigindo uma preparação prévia do discípulo (iniciação). Ademais, como demonstra Fídias Teles, Platão acreditava também em vida noutros planetas3. Dos seus livros, talvez os mais importantes estejam perdidos, nos chegando os mais populares. Mas dos diálogos, em especial atenção se pode dar ao Fédon, Fedro e a República, que têm doutrinas sobre as ideias e sobre a alma. Também em Ménon se pode observar a doutrina da reminiscência. Ademais, deu especial atenção ao julgamento do mestre Sócrates em outros diálogos, e de fatores que envolveram. Em seu diálogo Banquete parece estarem as doutrinas ocultas sobre e evolução e a reprodução humana. Fato é que esse pensador parece ter superado o mestre Sócrates, ou pelo menos revelado suas doutrinas e ensinamentos. Ele morreu com a pena na mão e desejou que seu jardim virasse sua escola, no ano de 347 antes de Cristo, então com oitenta anos. Os neoplatônicos o herdaram, e celebravam festivais nos aniversários de Platão e Sócrates, naquele local.
 
1OLIVET, Antoine Fabre D'. História Filosófica do Gênero Humano.
2AGRIPPA, Henrique Cornélio. Três Livros de Filosofia Oculta. p. 82.
3TELES, Fídias. Filosofia para o século XXI. p. 43.
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 29/01/2017
Alterado em 17/02/2020
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