Mariano Soltys
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Heráclito de Éfeso
 



Heráclito nasceu em Éfeso, cidade da Ásia Menor, pela sexagésima nona olimpíada, sendo filho de Blyson. Chamado de “filósofo tenebroso”, ele era muito calado. Certa vez alguém lhe perguntou porque era tão calado, este respondeu que era para fazer a pessoa falar. Não participava muito da vida pública. Porém, elabora um sistema filosófico original, diferente dos outros, e também não muito admirado. Seu escrito, Sobre a Natureza, tem um estilo um tanto oracular, oculto, e é formado por aforismos. Sua linguagem é claramente secreta, reservada apenas a iniciados. Mas se entende que o seu princípio de todas as coisas é o fogo. Mas o principal detalhe de seu pensamento é a unidade da contradição, em verdadeiro devir, vir-a-ser, nada permanecendo fixo. Assim tudo flui e se transforma, o seu panta rhei. Quase sempre estava triste, talvez por observar uma sociedade de injustiças. Também reconhece a imortalidade da alma, a relacionando com o fogo: “A alma é de fogo”. Assim todo o nascimento é uma morte, e toda a morte um nascimento. Fala que há essas transformações do fogo em água, ar, terra, e que isso se relaciona a alma. Para divulgar seu livro, o deixou em um templo da deusa Ártemis. Em meio as obras de arte, também poderia se folhear o livro misterioso desse filósofo, a que poucos entendiam. Ali havia algo como pela boca da Sibila, misterioso e divino. Heráclito parece nunca ter tido mestre. Também gostava de conviver com as crianças, indo ver os jogos no templo da deusa Diana, e perguntado sobre esse fato pitoresco, disse que era melhor brincar com as crianças que a mal administrar a república. Chegou a ser requerido para escrever leis para Éfeso, mas se negou, frente a corrupção dos costumes. Também chegou a ter certa fama, sendo certa vez convidado pelo rei da Pérsia, Dário, a visitá-lo, mas se posicionou pela negativa. Disse que alguém que busca apenas o prazer corporal para encontrar a felicidade não seria melhor que um boi, e o boi seria então feliz. Vemos em toda esse pensamento dele a união dos opostos, parecendo muito semelhante ao taoismo chinês, que une o yin e yang em seu Tao. Sua analogia do rio onde passa o homem, o qual não é mais o mesmo rio duas vezes, nem o mesmo homem, nos leva a pensar na constante transformação da matéria. O pensamento hindu vê nessa matéria uma ilusão, e os sentidos do corpo são que nem serpentes venenosas. Mas Heráclito parece ter sido um empirista, e ainda mais, um dialético. Hegel tem muito a dever a ele. Desse rio podemos pensar que somos e não somos ao mesmo tempo, nessa contradição e devir. Sua moral e assim em muito semelhante a uma yoga, e seu desapego é aparente. Idealiza a vida de soldados, e faz desse fogo algo que se aparenta a batalha. E disse que “a verdadeira natureza gosta de ocultar-se”. Desse modo, vemos o tom eminentemente esotérico e oculto de seus aforismos. Esse seu fogo está longe de ser aquele que acendemos aqui e ali, em nosso cotidiano. Também se aparenta em muito ao éter, de onde surge e para onde retorna. É um fogo vivo, divino. Para tanto, a alma se assemelha ao fogo, é o fogo, e assim imortal. Apesar dessa transformação aparente, parece que algo tem um controle, ou seja o Logos. Mesmo que esse fogo se transforma em água ou mar, terra e ar. E água não deixa de ser outra forma de fogo, e também outros elementos guardam esse fogo. Mesmo Zoroastro, citado por Blavastsky, falou que o éter é esse fogo universal: “Não o consultes senão quando ele esteja sem forma ou figura”, ou seja, sem chamas ou brasas ardentes. É o fogo sagrado, que era acendido em todos os templos. Porque para se unir ou sentir a presença do Divino, se devia acender algum fogo. Os ocultistas chamam esse espírito de o Fogo Vivo. Por isso de se ungir em religiões, a fim de trazer a presença o Espírito Santo, ou como em pentecostes, porque o óleo é espírito em potencialidade. Do óleo que surge a chama ou o fogo. E esse fogo sagrado de Heráclito vai nessa dimensão, até o espírito, até a divindade e mesmo ao éter. O sopro ígneo. Deus para judeus estava em coluna de fogo ou sarça ardente. Ar é fogo fluídico, água fogo líquido e terra fogo sólido. Heráclito falece após se retirar nas montanhas, uma vez médicos não o entenderem, de hidropisia.

 
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 15/01/2019
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