Mariano Soltys
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Ratched: criminologia e psiquiatria



 
Nessa série da Netflix se observa além da criticada fotografia ou estilo do diretor Ryan Murphy, injusta haja vista bela fotografia, o vasto conhecimento de medicina antiga, psiquiatria e mesmo criminologia. No caso, a personagem principal é a enfermeira do clássico filme “Um estranho no ninho”, que tantos assistiram e ficou na memória entre clássicos filmes. Já a série, em estilo mais violento, mostra a enfermeira tentando ajudar o irmão internado em espécie de hospital psiquiátrico, este a ser condenado por matar padres em assassinato cruel, nos anos 40. A série mostra uma série de tratamentos antigos, como a lobotomia, que era usada para quase tudo, em especial para combater o “mal” do lesbianismo, bem como até criança tratada por esse meio agressivo de ação sobre o cérebro. Outros tratamentos, como uma câmara de vapor de mais de 50 graus, onde a pessoa ficava hermeticamente fechada, com exceção da cabeça, também foi usada para tratar lesbianismo, entre outras entendidas como debilidades mentais. Sanguessugas também aparecem. Mas a própria Mildred Ratched se mostra homossexual, entendendo pessoas e querendo as ajudar a fugir do dito tratamento em hospital psiquiátrico, além do irmão que ela ajuda a se relacionar com uma enfermeira. Outros detalhes da época, como belo figurino, carros antigos, costumes moralistas e tudo mais, são percebidos numa boa série, uma aula de psiquiatria e criminologia, onde restam várias questões e mesmo a evolução do que se entende do psicopata, do crime e mesmo do transtorno mental. A série mostra uma série de taras, de tipos e situações que mostram a diversidade e naturalidade humana, contra o modelo social de perfeição e normalidade, imposto, a que obrigava muitas pessoas a fingirem o que não são, como o caso de homossexuais, que casavam por aparências. Muitas conquistas mudaram isso, seja no campo do gênero, seja no campo da psiquiatria e mesmo criminologia, ultrapassando a visão biológica e antiquada das coisas, e partindo para um humanismo e diversidade, bem como a uma criminologia crítica. Fato é que a psiquiatria ainda tem a avançar, e tratar a pessoa de forma mais humana e compreensiva, mesmo com a negação em se internar, e em se mantendo uma relação de compreensão da pessoa, suas qualidades e talentos, a que mesmo aqueles pacientes possuem. Na série se percebe a grande condenação as pessoas, por valores antiquados e com terapêuticas absurdas. Contra isso ainda vem a filosofia clínica, que tenta ver tudo isso como normalidade, e uma forma existencial da pessoa agir frente ao mundo, sem condenar ou julgar. Na série ainda curiosa é a participação de Sharon Stone, atriz que dispensa comentários.



 
Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 02/11/2020
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