Mariano Soltys
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 No último fim de semana houve a prova do Exame Nacional do Ensino Médio e mais uma vez provou a grande importância da Filosofia nas escolas, bem como de Sociologia e mesmo Direito. Quanto ao Direito, não se vê uma disciplina específica na grade, o que dificulta uma abordagem de temas que vêm caindo em exames, e que deveriam ser de conhecimento da população em formação escolar. Sobre a redação, já comentamos em artigo anterior o que foi exigido. Fato é que apesar de parte de população ser contra a reflexão em escolas, comentando se tratar de puro comunismo, resta que ainda é muito importante se dedicar a essas áreas, uma vez exigidas no exame, o que decide a vida universitária e profissional de muitos jovens e adultos. Em suma, prova o Enem que todo o estudo é aproveitável, e que para contrariar os opositores da escola brasileira, não houve questão sobre Marx na área de humanas.

 

         Uma primeira questão que se apresentou no caderno em parte de ciências humanas foi a respeito da Declaração dos direitos do homem, de 1789. O tema jurídico, bem como de cidadania vem sendo constantemente exigido em bancas e provas. Nessa questão falava dos representantes do povo francês como causa de desprezo pelos direitos do homem. Na questão a resposta correta será a paridade de tratamento jurídico, uma vez uma reação ao desrespeito de direitos humanos. O tema vem da influência da filosofia iluminista, que tanto defendeu a igualdade perante a lei, hoje presente em Constituições. Também caiu o pensador Montaigne, que já foi inclusive tema de uma série de TV do filósofo Alain de Botton, onde mostrava um filósofo que tratava de temas do cotidiano e de sua vida pessoal e íntima, essa obra chamada de Ensaios. Logo a resposta da questão era o subjetivo e ensaio. Noutra questão foram colocados textos de Fernando Pessoa e Merleau-Ponty, e ambos tratavam da abordagem da realidade de acordo com as sensações e o corpo, apenas mudando em Fernando Pessoa de modo mais empirista, e de Merleau-Ponti com a sua fenomenologia. Mas ambos tratavam do corpo, que era a resposta. Uma questão difícil foi a sobre solipsismo, onde se citou uma parte de livro e se mostrou uma doutrina que nega a realidade, pois nada existiria fora do mental. Em outro questionamento, se perguntou sobre filósofo David Hume, para quem de antemão soubesse sobre o empirismo, responderia facilmente a questão, onde se cita objetos que não seriam sem a experiência. Interessante é que caiu A Democracia na América, de Tocqueville, onde a resposta seria a referente aos valores burgueses, haja vista uma aparência liberal, ou mesmo calvinista-protestante do contexto do livro, que respeita a religião e a propriedade, em tema de sucessão. Já outra questão tratou de função social de propriedade, que é uma visão mais atual, e que mostrava um uso de maior utilidade a terra, com a necessidade de reforma agrária. Voltando a questões mais clássicas de provas, se perguntou sobre Aristóteles, de modo a se citar a obra Política, obra que em grande parte trata de ética e justiça, e nesse sentido foi a resposta, bem como a eudaimonia. Uma busca de equilíbrio e bem comum da comunidade. No mais além de filosofia e sociologia, se questionou sobre direitos, no caso numa questão da Declaração de Salamanca, e outra em código de Hamurabi, onde se tratava e elencar tipos penais no referido código. Na Declaração de Salamanca se tratava de direitos das crianças, e de pluralidade de sujeitos.

 

         Ao se ler o Enem desse ano, percebemos que as questões de pluralidade, igualdade, direitos humanos, democracia e tantas outras vêm sempre sendo destaque, refletindo o que há na nossa Constituição de 1988, bem como em diversas escolas filosóficas. O aluno deve estar situado no mundo que o rodeia, tendo um perfil cidadão e consciência do mundo que o envolve, analisando de forma crítica essa realidade. Não se trata de comunismo, direita ou esquerda, mas diversos conhecimentos e competências que esse aluno deve demonstrar de forma ao jovem ou adulto encontrar seu próximo passo no mundo universitário e profissional, ou mesmo técnico ou qualquer outro passo que venha a dar em seguida, na sua vida. A prova foi bem elaborada e reflete um bom nível de exigência. No caso da filosofia, se percebe mais uma vez a grande importância da disciplina nas escolas, e a diferença que faz na nota final, uma vez o número de questões presente, sejam diretamente, ou indiretamente, como na redação.

Observação: texto sobre ENEM anterior. 

Mariano Soltys
Enviado por Mariano Soltys em 21/11/2021
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