Filmes e Filosofia
Conclave e um Papa polêmico
Filme que teve uma explosão de audiência, recentemente, mas que antes não teve a merecida atenção, mesmo sendo indicado a Oscar em muitos quesitos, é o Conclave, que se trata da votação para eleger um novo Papa. O filme conta com excelente elenco de atores, mesmo que alguns possam ser vítimas de etarismo, se o fossem participar de outra produção, como filmes de ação ou românticos, a semelhança de Substância, que também contou com uma atriz já experiente, mas de excelente trabalho e dedicação, o que até aumentou com a idade. Com a partida de querido Papa Francisco, o tema do conclave se tornou uma trend de grande busca e curiosidade.
O filme, como todo filme bom, é baseado em um livro, este do autor Robert Harris. O filme se envolve no drama a que vive o cardeal Lawrence, simpático e muito atencioso, um amigo do Papa que faleceu, e que jogava xadrez com o próprio. Ocorre que já de início há um candidato a que o Papa tinha por pessoa não grata, e que assim Lawrence tenta afastar do conclave. Há todo um jogo de poder e de conspiração, parecendo mesmo assim o Lawrence um cara justo e preocupado com a vontade do antigo Papa, e com a ética. O filme ainda conta com ataques de terroristas e outros temas que vão no desenrolar da trama, como as dificuldades a que passou a Igreja Católica ao longo dos tempos. Mesmo assim mostra pessoas de fé, de esperança e de um amor cristão, retirando esse jogo de poder de cardeais, que combinam votos, escolhem entre progressistas ou não, e que vão decidir quem será o próximo vigário de Cristo. No Oscar se notava atores como John Lithgow, ali o vilão, no papel de Trembley, que se mostra em excelente participação, bem como de Tedesco, outro vilão, cheio de preconceitos e um suposto conservadorismo.
Por fim, quem toma a cena é o humilde Cardeal Benitez, que toma a atenção ao mostrar um olhar mis humano e cristão para a Igreja, ali tomada por um jogo de poder e conspiração, por parte de outros cardeais. Outro drama do filme é um dos cardeais que teve filho com uma freira, e que assim entra em conflito no momento de refeição. No livro esse personagem seria filipino, mas que na realidade tem fortes candidatos no conclave atual, entre cardeal negro, e outro filipino. O filme, assim como a realidade, pode nos levar a torcer por um bom Papa, independente de tudo. O mistério fica para o final, que na Igreja real seria impressionante, lembrando o caso da papisa Joana, se é que existiu. Bem falou um padre na TV, com sabedoria, que a questão está além de um Papa progressista ou conservador. Já outro falou que a Igreja não vai retroceder, nos progressos que teve com Francisco. O filme mostra também questões semelhantes a essas, levando a se pensar no desfecho dessa eleição importante ao mundo cristão.
Mariano Soltys, autor de Cartas entre um Católico e um Protestante